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Polícia Civil pede socorro. Com mais agentes, avalia Sinpol, piano fica mais leve

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Durante 22 dias de setembro passado, a Polícia Civil do Distrito Federal cruzou os braços. O objetivo era conseguir reajuste salarial e a nomeação de novos agentes. Neste último caso, a necessidade se sobrepõe a qualquer outra. Isso porque o quadro enxuto da corporação tem afetado os trabalhos de investigação, embora a instituição ainda seja referência no País.

Com uma estrutura interna desnutrida de agentes, a PCDF sofre com outro problema: diversos órgãos dos governos local e federal que drenam para si os poucos policiais que existem. Na planilha de recursos humanos do sindicato da categoria, atualmente mais de 200 servidores estão cedidos.

Quando não é possível encontrar esses agentes nas delegacias, é só ir, por exemplo, ao Palácio do Buriti e seus apensos. Lá são 132 policiais civis fazendo trabalhos administrativos. Descendo o Eixo Monumental, na Esplanada dos Ministérios, pode-se encontrar mais 33 servidores que deveriam estar investigando crimes na capital da República.

Mas o problema não para por aí. Outros três agentes da polícia estão fora do Distrito Federal. A lista é ainda maior quando somados os policiais à disposição dos poderes Judiciário e Legislativo, que também cooptaram policiais civis para servirem em sua estrutura.

E isso ocorre quando a corporação passa por “fome” de mão de obra. Segundo o sindicato da categoria (Sinpol-DF), os trabalhos – cerca de um milhão de inquéritos – estão sob a responsabilidade de uma estrutura pequena, com apenas 53% do efetivo ideal. Esses números já são conhecidos por todos, inclusive por quem já sentou e quem está sentado na principal cadeira do Palácio do Buriti.

Aquela máxima de que “manda quem pode, obedece quem tem juízo” ocorre dentro das delegacias, mesmo que involuntariamente por parte dos delegados. Há casos, por exemplo, em que o titular da Delegacia Policial recebe um ofício pedindo a cessão de um agente, mas que, de próprio punho, é negado pelo delegado, em parecer.

O problema é que esse parecer não é levado em consideração. “A gente sabe que essa decisão é política, do alto escalão”, afirma uma fonte ouvida pela reportagem. “Normalmente o requisitado tem as costas quente”, admite.

O governo já foi questionado sobre os agentes cedidos por várias vezes, segundo a direção do Sinpol. Não houve resposta até agora. Até o Tribunal de Contas do Distrito Federal já emitiu parecer proibindo a cessão de servidor da PCDF fora das atribuições compatíveis com a atividade policial.

A luta é difícil, quase inglória. “Se vier mais gente trabalhar como policial com certeza o piano fica mais leve”, observa a direção da entidade.

Afora o Sinpol e o Tribunal de Contas, a reportagem também questionou o governo. Primeiramente, a comunicação da PCDF foi perguntada sobre o retorno dos agentes. A entidade orientou que a reportagem questionasse a Casa Civil. Mas, sabe-se lá por que motivos,  o gabinete de assessoramento direto do governador preferiu manter silêncio.

Elton Santos, Repórter Especial

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