Herói do título, Prass pega pênalti e faz o dele, com um chute forte contra Vanderlei
Publicado
emGlauco de Pierri
Um título sempre consagra os heróis da conquista. Para sempre, os palmeirenses vão guardar na memória da conquista da Copa do Brasil de 2015, os jogos, os gols, os principais lances e as maiores defesas. E foi com elas – e com um inesperado gol – que Fernando Prass, de forma definitiva, escreveu seu nome na história do clube. Nesta quarta-feira, na decisão por pênaltis contra o Santos, ele pegou uma cobrança e, com um chute forte, converteu o gol do título. “Vou dormir e acordar amanhã para ter certeza de que isso aconteceu”, disse o herói.
Esqueça por alguns segundos a partida que trouxe o tricampeonato ao Palmeiras e puxe pela memória os momentos decisivos da semifinal contra o Fluminense, no mesmo Allianz Parque. Aos 45 minutos do segundo tempo, o atacante Fred recebeu a bola sozinho, de frente com o goleiro e bateu forte. Prass, diferentemente de outros goleiros, não se jogou no chão – concentrado, ele esperou o jogador rival finalizar para fazer a defesa com a mão esquerda.
Depois, no mesmo jogo, disputa de pênaltis. Bola com Gustavo Scarpa, que bateu forte, mas mais uma vez brilhou a estrela do goleiro, que espalmou a bola. “Eu, naquele jogo, só fiz minha parte. Tinha de defender alguma para ajudar o pessoal que estava batendo. É complicado para o cara bater o pênalti. É uma pressão incrível. Eu tinha de pegar alguma para dar tranquilidade”, disse após o jogo.
Mais uma vez, deixe o jogo do título em segundo plano, e vamos falar da primeira partida da final, na Vila Belmiro. Foi ali que Fernando Prass garantiu a taça para o Palmeiras. Com personalidade forte, encarou a força ofensiva do rival. Foram pelo menos três defesas incríveis, que deixaram a derrota por um gol menos dolorosa. Ao fim do jogo, questionado se os atacantes santistas perderam muitos gols, foi direto e respondeu: “O Palmeiras paga meu salário para isso, para que eu evite os gols. Não foram eles que perderam. Eu é que defendi”.
Pode até soar um tanto quanto estranho, mas Fernando Prass destoa dos míticos arqueiros que defenderam a meta do clube por um fato simples – ele não foi revelado nas categorias de base do Palestra Itália. A tradicionalíssima “escola de goleiros” do Palmeiras não forjou esse campeão, um gaúcho de Porto Alegre e que começou a carreira no Grêmio. O goleiro de 37 anos conquistou o torcedor com seu jeito sincero, sua liderança em campo e, claro, suas defesas, que coroaram mais uma ótima temporada.
Prass, que já defendeu o Palmeiras em 155 jogos desde que foi contratado, em dezembro de 2012, encarou um de seus maiores desafios logo no primeiro ano de clube – ocupar o lugar de um “santo”. “Substituir Marcos foi um dos maiores desafios da minha vida. Ele é um cara que sempre vai estar vivo na memória do torcedor. No primeiro ano, de cada dez perguntas que faziam para mim, nove eram sobre o Marcos. Até quando eu não pegava pênalti, tinha gente que falava que se fosse ele teria pego.”
Mas substituir “São” Marcos foi apenas uma de suas tarefas. Jogar no gol em um time que teve como goleiros, entre outros, Oberdan Catani, Fabio Crippa, Valdir Joaquim de Morais, Emerson Leão e Velloso é difícil. “É a melhor fase de minha carreira. Desde que cheguei, ainda não tínhamos ido à final de um torneio nacional. Para mim, que estou aqui desde 2013, é muito importante. Eu peguei a fase complicada, situação ruim fora e dentro de campo. Por isso o título é especial.”