Famílias reagem à Justiça, que deixou motorista bêbado que matou seis em liberdade
Publicado
emJosé Maria Tomazela
O advogado das famílias de seis jovens atropelados em 2014 entra nesta segunda-feira, 7, com recurso contra a decisão da Justiça de manter em liberdade o motorista que atropelou e matou as vítimas, em abril de 2014, na rodovia Raposo Tavares, em Sorocaba. No acidente, outras seis pessoas ficaram gravemente feridas. O comerciante Fábio Hiroshi Hattori, que dirigia o veículo, havia ingerido bebida alcoólica. Ele foi condenado a três anos e cinco meses de prisão em regime aberto, mas vai cumprir medidas socioeducativas.
O advogado Ademar Gomes alega que as famílias das vítimas estão revoltadas, pois não se fez justiça. No recurso, ele argumenta que as provas foram ignoradas, pois ficou comprovado que o motorista dirigia sob os efeitos do álcool. Ainda segundo Gomes, a decisão dada pela justiça demonstra impunidade no trânsito e incentiva os maus motoristas.
Conforme a sentença divulgada no último dia 2, o réu deve ainda pagar três salários mínimos – cerca de R$ 2,3 mil – a cada uma das vítimas ou dependentes, e prestar serviços à comunidade durante o período da condenação. Ele teve o direito de dirigir suspenso por quatro meses e 27 dias.
O advogado do comerciante, Mario Del Cistia, disse que a sentença foi bem fundamentada, mas ele também deve recorrer na tentativa de absolver o acusado. Segundo o defensor, Hattori não teria sido responsável pelo acidente, pois tentou desviar das pessoas que estavam sobre a pista. Sobre o fato de ter consumido álcool, ele alegou que foi encontrado em seu organismo uma quantidade mínima, de 0,6 miligramas por litro de ar. “Não dá para falar que ele estava embriagado”, disse.
O acidente ocorreu na madrugada de 6 de abril de 2014, quando um grupo de jovens saía de uma festa e se dirigia para um ponto de ônibus na margem da Raposo. O carro dirigido por Hattori se desgovernou e atingiu o grupo no acostamento. Seis jovens morreram no local, outros seis foram hospitalizados. A Polícia Civil considerou que, por ter ingerido álcool, o motorista assumiu o risco de causar o acidente e o comerciante foi denunciado por homicídios dolosos. Hattori chegou a ficar 17 dias preso na Penitenciária de Tremembé, mas a justiça desclassificou os crimes para não intencionais.