Jornal espanhol desmascara farsa das Unidades Pacificadoras
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emAs UPPs foram criadas pelo ex-governador Sérgio Cabral para “pacificar” as comunidades pobres do Rio de Janeiro, garantindo aos moradores destes locais o direito de ir e vir. Prometeu ainda serviços sociais. Porém, não foi o que se viu. Com o tempo, verificou-se que as UPPs não pacificaram nada. Segundo artigo publicado no jornal espanhol “El Pais”, nos últimos oito meses houve muitos assassinatos nas áreas.
“No estado do Rio foram registrados neste período 35.879 homicídios dolosos (com intenção de matar), 285 lesões corporais seguidas de morte, 1.169 roubos seguidos de morte, 5.677 mortes derivadas de intervenções policiais, 155 policiais militares e civis mortos em ato de serviço. Total: 43.165 falecidos. Ou seja, mais de 500 mortes por mês provocadas por uma violência desmedida. Esses números não levam em conta os mais de 38.000 desaparecidos nem as mais de 31.000 tentativas de homicídio”, disse o artigo.
“ Operações policiais em áreas que, em tese, estão sob o controle do estado, não deveriam virar operações militares, a não ser que esse controle seja apenas “para inglês ver”, como se dizia antigamente. A UPP do Pavão-Pavãozinho, inaugurada em 23 de dezembro de 2009, já teve cinco anos para colocar na cadeia os traficantes remanescentes e agir apenas preventivamente. Por sua vez, o governo do estado e a prefeitura carioca tiveram cinco anos para implantar saneamento básico, construir postos de saúde, urbanizar as ruas e vielas, normalizar o fornecimento de luz, água, gás e telefone, providenciar transporte público e, o mais importante, regularizar a posse dos terrenos e casas da região. Alguma coisa foi feita? Faz-me rir! Para as autoridades, a UPP se encerra quando o Bope entrega a comunidade para os policiais militares regulares, bate continência e dá meia-volta volver”, escreveu o escritor e blogueiro Carlos Emerson Júnior em artigo no site “Observatório da Imprensa”.
Para atender às UPPs, o governo estadual deslocou para as unidades muitos PMs que faziam policiamento ostensivo nas ruas. Em consequência disso, o número de roubos de rua em todo o estado aumentou 53,2%, comparando janeiro deste ano com o mesmo mês de 2013. Para resolver a situação, a Polícia Militar cortou as folgas da tropa no mês de maio. Um documento que circula desde segunda-feira nos batalhões determina que o patrulhamento ostensivo seja reforçado nas unidades de todo o estado, entre os dias 1º e 31, numa tentativa de reduzir o número de crimes.
Para o reforço, de acordo com a circular número 476, assinada pelo tenente-coronel Oderlei Santos Alves de Souza, chefe do setor de Pessoal do Estado-Maior Geral da PM, poderá ser utilizado efetivo de até 50% dos policiais de folga dos batalhões. No documento, é determinado ainda pelo oficial que seja cancelado o Regime Adicional de Serviço (RAS) – o bico oficial – voluntário dos PMs das unidades, para ser estabelecido o compulsório.
Assim, os policiais serão obrigados a fazer o serviço extra quando determinado pelos seus comandos, sem que tenha possibilidade de escolha, como acontecia antes. Ainda de acordo com comunicado do Estado Maior da PM, o turno do RAS estabelecido deve ser de 8 horas. A folga dos policiais também deve ser de, no mínimo, 8 horas. Ainda em nota, a PM ressaltou que as folgas não foram canceladas em sua totalidade,e que antes da criação do RAS os policiais já eram escalados para serviços extras, mas sem remuneração.