Jornalismo faz um clique de silêncio e decreta luto em homenagem a Cláudio Alves
Publicado
emJosé Escarlate
Muito triste e doloroso para mim a partida do querido Claudinho. Nos conhecemos no Palácio do Planalto, quando ele namorava uma repórter. Fizemos amizade., viajamos o Brasil e o mundo todo. Depois o levei para a EBN, onde ele se destacou na equipe de fotojornalismo, que era uma das melhores do Brasil. Em sua homenagem, inicio hoje no Facebook uma série, que irá para o meu livro Páginas Viradas, contando uma das grandes façanhas do homem, do repórter e do amigo Cláudio Alves Pereira. Que Deus o abençoe, o proteja e lhe dê muita luz, onde quer que ele esteja.
Quando eu comandava o Jornalismo da Empresa Brasileira de Notícias, um profissional dos mais respeitados, o foto-repórter Cláudio Alves Pereira, enfrentando o desafio, tornou-se o primeiro jornalista brasileiro a pisar terras do continente antártico. Ele integrou a equipe, ao lado do repórter Marcelo Rech, ambos da antiga EBN, na viagem do navio oceanográfico “Barão de Teffé”, promovida pela Marinha do Brasil e que deixou o porto do Rio dia 20 de dezembro de 1982.
O comandante do navio era o então capitão de-mar e guerra Fernando Pastor. Com ele, mais 86 pessoas, entre tripulantes, cientistas, pesquisadores e técnicos. A missão: enviar material jornalístico para jornais, rádios e televisões do país, diariamente, com as emoções da viagem que envolvia questões de meteorologia, astronomia, geologia, biologia e medicina.
Um mês depois, dia 20 de janeiro de 1983, o barco cumpria a primeira etapa de sua viagem, atracando no porto chileno de Punta Arenas. Faziam parte da equipe ainda dois técnicos de alpinismo, dois mergulhadores, médicos, enfermeiros. A chamada “Expedição Antártida” usou, durante a viagem e permanência no Polo Sul, uma ração que serve de alimento durante as 24 horas, próprias para regiões muito frias, de inverno rigoroso como montanhas elevadas, com muita neve e gelo.
Durante a viagem, foram consumidas rações de feijoada, carne granulada, sopas de massa com legumes. Havia até milkshake, doce de leite, frutas cristalizadas e doce de abacaxi. Eram três cardápios à bordo, com alimentação pré-cozida ou desidratada.
A expedição teve a duração do verão da região, de três meses, com o por do sol entre 21 e 22 horas, e o nascente entre 2 e 3 horas da madrugada. Dia 18 de dezembro, o presidente Figueiredo esteve a bordo, sendo lançado selo e carimbo alusivo à missão. Cláudio mostrou-se entusiasmado em ter sido escolhido para a viagem pioneira. Posso afirmar que ele estava muito feliz. Seu sorriso não escondia isso.