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União da Ilha vai contar história das Olimpíadas com alegria mas abordando também a tristeza

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Cristina Índio do Brasil

A União da Ilha do Governador quer levantar o público na Marquês de Sapucaí este ano repetindo a animação de desfiles memoráveis, quando apresentou o enredo É hoje (1982). A letra do samba-enredo dizia: “É hoje o dia, da alegria e a tristeza nem pode pensar em chegar”.

Os versos apontavam o espírito que a escola busca para este ano e que está presente ainda no samba quando se apresentou com o desfile Festa Profana. Os componentes da escola cantavam durante o desfile: “Vou tomar um porre de felicidade. Vou sacudir, eu vou zoar toda cidade”. O que foi prontamente aceito por quem acompanhou a escola na avenida.

Em 2016, o enredo é Olímpico por natureza. Todo mundo se encontra no Rio, criado pela dupla de carnavalescos Paulo Menezes e Jack Vasconcelos. Embora mencione os Jogos Olímpicos e Paralímpicos (que vão ocorrer em agosto no Rio), a escola falará da cidade e do comportamento do carioca, fará propostas para que todos se divirtam. No texto de apresentação do enredo, a escola dá a direção de como vai começar a contar a sua história.

“Atenção senhores passageiros do voo Olimpo/Rio, direto, sem escalas: dentro de alguns minutos estaremos aterrissando no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na cidade do Rio de Janeiro. Mas, desde já, avisamos: esta cidade é ‘irada’, percam a linha à vontade!”, diz o enredo.

“Nosso enredo não é sobre as Olimpíadas. É sobre o carioca, o Rio de Janeiro olímpico. Como este carioca se prepara para receber esta festa, como esse carioca é olímpico por natureza, como ele se relaciona com os esportes, com a água, com a terra, com o ar, enfim, como esta cidade se prepara para receber todo mundo que chega e como o carioca acolhe de uma maneira colorida, alegre e descontraída como é a União da Ilha”, contou o carnavalesco Paulo Menezes.

Nas alegorias prontas no barracão, é possível ver símbolos do Rio. O Cristo Redentor é destaque, e na frente dele, no alto do carro, intgerantes das escola farão movimentos durante o desfile simulando uma alegoria viva.

Em outro carro, decorado com pipas coloridas, vasos com planta e a espada de São Jorge, populares na cidade, haverá movimentos de um teleférico, lembrando os que funcionam no Complexo do Alemão e na Comunidade da Providência. A escola terá ainda uma alegoria com uma escultura de Zeus.

De acordo com o texto de apresentação do enredo, Zeus e outros deuses do Olimpo vão atravessar a Linha do Equador e desembarcar no Rio, em um domingo de sol. Os deuses do Olimpo serão representados por atletas brasileiros.

“Foi um carnaval difícil para todo mundo, mas a gente está entregando um produto de primeira linha. A Ilha está muito bem feita, com materiais nobres. A Ilha está pronta, bem acabada e bem realizada e do jeito que a gente sonhava. O mundo inteiro vai ver a Ilha e a gente vai representar bem a arte brasileira.”, comentou Jack.

O carnavalesco reconheceu a falta de apoio financeiro de empresas patrocinadoras dos Jogos de 2016 frustrou a escola. “Não veio nada. Frustrou um pouco, mas eu e o Paulo já estávamos nos preparando para possivelmente não vir. Não pegou a gente de surpresa”, contou.

A escola recebeu R$ 2 milhões da prefeitura do Rio, valor liberado para cada agremiação. “A Ilha recebeu o que todo mundo recebe normalmente. A gente não teve nenhum a mais por ser um enredo olímpico, nada neste sentido”, disse Jack, acrescentando que a Ilha conseguiu apoio ao projeto de um parceiro.

Apesar da ausência de patrocínios maiores, Paulo Menezes disse que a Ilha chegou a usar materiais mais caros do que estava previsto no projeto inicial, pois não encontraram artigos mais simples no comércio, além do impacto do aumento do dólar nos importados. “A falta de material foi o maior complicador para este carnaval, porque o dólar aumentou, e no material de carnaval, praticamente, 90% vem da China. Os importadores deixaram de importar por causa do dólar e os comerciantes deixaram de vender. O material foi faltando”.

Para o carnavalesco, a situação atual, de carência de material e artigos mais caros, serve para repensar o financiamento das escolas de samba do Grupo Especial “Talvez daqui para frente se tenha que pensar no formato do carnaval. Talvez um carnaval menos caro. Com menos tecnologia, é impossível, a gente não vai conseguir mais, mas tem que se pensar em alternativas que barateiem o custo da produção do carnaval”.

Agência Brasil

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