Governo cria força-tarefa para combater Aedes; meta é visitar duas mil residências por dia
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emUm decreto publicado pelo governador Pezão na última terça-feira (2) autoriza a criação de uma força-tarefa entre a Secretaria Estadual de Saúde e a Defesa Civil municipal para combater o mosquito Aedes aegypti, principal vetor do vírus da Zika, dengue e febre chikungunya.
Segundo nota do Governo, a partir do dia 18 de fevereiro, cerca de 600 militares do Corpo de Bombeiros, vão passar a vistoriar as residências na Baixada Fluminense e na Região Metropolitana II, que inclui municípios como Niterói, São Gonçalo e Itaboraí para identificar e eliminar possíveis focos do Aedes aegypti. A meta é visitar duas mil residências por dia.
A ação será desenvolvida com o apoio dos municípios, que devem disponibilizar agentes de endemias para atuar em conjunto com os bombeiros. A estratégia deve acontecer até o mês de maio, quando historicamente ocorre um declínio das notificações das doenças.
Potencial de infecção
Na última semana, a Fiocruz anunciou que o vírus da zika foi encontrado de forma ativa na urina e na saliva. A descoberta foi feita a partir da análise de amostras de dois pacientes com sintomas compatíveis com o vírus da zika.
Segundo Paulo Gadelha, isso “muda o patamar e a forma que estamos tendo que desdobrar as pesquisas”. No entanto,”o significado dessa descoberta na transmissão ainda deve ser esclarecido”.
Isso comprova a atividade viral, segundo os cientistas. Ainda assim, pesquisas aprofundadas serão necessárias para comprovar se necessariamente haverá infecção através de fluidos.
“O fato de haver um vírus ativo com capacidade de infecção na urina e na saliva não é uma comprovação ainda, nem significa que necessariamente o será, que há possibilidade de infecção de outas pessoas de maneira sistemica através desses fluidos”, disse Gadelha.
“Antes, só foram encontradas partículas não infecciosas. Mas ainda é preciso pesquisar para saber se é possível que se infecte outra pessoa”, reforçou.
Ministério da saúde pede cautela
Depois do anúncio da Fiocruz, o Ministério da Saúde recomendou que as pessoas adotem “cautela e prevenção” e reforcem medidas de higiene para evitar o contágio pelo vírus da zika. Entre as medidas sugeridas estão evitar compartilhar objetos de uso pessoal, como escovas de dente e copos, e lavar as mãos com frequência.
A Fiocruz também fez uma série de recomendações. O cuidado com gestantes é uma preocupação da pesquisa, segundo Gadelha.
“Recomendamos às gestantes que evitem grandes aglomerações, que evitem que compartilhem copos e materiais levados à boca. Pessoas que convivam com gestantes e tenham sintomas de zika devem ter uma responsabilidade adicional”, afirmou.
“A evidência de hoje não faz com que nos digamos às pessoas que elas não podem ir para o carnaval”, acrescentou Gadelha. Perguntado sobre a situação dos solteiros no carnaval em relação à possibilidade de infecção pelo vírus da zika através da saliva, ele enfatizou que o maior cuidado tem de ser com as gestantes. “O risco estará aumentando. Mas não temos isso (evitar o beijo) como uma medida de saúde pública, pelo amor de Deus. Pode beijar!”, exclamou.
O fato de haver a possibilidade de contaminação por urina e saliva, segundo a Fiocruz, não diminui a necessidade de se combater o mosquito Aedes aegypti.
Apesar da descoberta, a Fiocruz acredita que não há possibilidades altas de contaminação pelo vírus da zika durante os Jogos Olímpicos do Rio, realizados em agosto.
“O mês de agosto é um mês de baixa transmissão vetorial. Já está sendo feito um trabalho para o controle de vetores. A população agora talvez entenda que tem que ajudar neste controle”, afirmou Gadelha.