Jucá admite que conjuntura do País pode provocar suor do impeachment em Dilma
Publicado
emErich Decat e Caio Junqueira
Cotado para assumir o segundo posto de comando do PMDB a partir de março, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-líder no Senado dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), considera que o processo de impeachment de Dilma não perdeu força. Em entrevista, Jucá ressaltou que em política nada está morto e os desdobramentos de um possível afastamento da presidente serão consequência de uma conjuntura.
Um dos articuladores do acordo de “união” realizado entre a bancada do PMDB do Senado e o vice-presidente Michel Temer, Jucá defende que o partido marque suas diferenças com o PT. Para ele, o PMDB não pode se limitar a ser “o partido governabilidade” e deve investir em bandeiras que estejam articuladas com a realidade. Em relação aos avanços no Congresso de propostas polêmicas com a recriação da CPMF, o peemedebista ressalta que a discussão da criação de impostos não pode ser separada da de corte de despesas pelo governo.
Sobre a Lava Jato, na qual é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, diz que seus efeitos serão perceptíveis nas eleições municipais deste ano, mas que a operação não deve servir de base para as negociações políticas. Ele é investigado na operação por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva, acusações das quais ele nega envolvimento.
Distância – O peemedebista afirma que o partido quer marcar as “diferenças” dos outros partidos. “Temos diferenças com o PT. Podemos ter equidades, mas temos diferenças também e isso tem que ficar claro para que efetivamente a leitura da população seja justa. Não podemos pagar por erros que não são nossos e não podemos ter também ganhos de ações que não são nossas. O nosso balizamento é a população brasileira, é a cobrança das ruas. Estamos vivendo um outro limiar. Os partidos que não entenderem isso estarão fora do jogo, virarão um dinossauro e vão desaparecer”, diz.
Jucá avalia que o PMDB tem que mostrar que é diferente do PT e essa diferença tem que “ficar clara”. “O que se diz do PMDB é que o partido da governabilidade. Mas governabilidade não tem que ser bandeira de partido porque você está sendo escada para outro partido governar. O PMDB tem que ser um partido da educação, da primeira infância, da qualidade na segurança, na mobilidade urbana. Temos que ter bandeiras que as pessoas identifiquem como condições para elas ascenderem na vida”, conclui.
Lava Jato – O senador nega que a união com Temer ocorreu devido ao avanço da Lava Jato sobre o PMDB do Senado e a firma que “estão sendo feitas as investigações”. “Se alguém tiver culpa tem que pagar. Houve um processo de investigação de todo mundo, o que é legítimo. Quem está na vida pública tem que dar explicações. Não há nenhum demérito em ninguém ser investigado, o demérito é ser condenado”, conclui.
Para Jucá, o avanço da Lava Jato não terá impacto na governabilidade, pois é “uma questão grave no quadro político”, mas esse dado não pode ser “o parâmetro para se tocar as questões políticas, nem de gestão do País”.
Quanto as eleições deste ano, o senador acredita que os partidos e as figuras que estão nos processos da Lava Jato já estão “comprometidas”. “Quem tiver com qualquer tipo de problema vai ter que se explicar. O desgaste já está acontecendo. Em tese, há um desgaste efetivo mas se vai se prolongar até 2018, não dá para prever”, diz.
CPMF – Sobre a CPMF, Jucá afirma que o PMDB vai debater a volta do imposto “no bojo das reforma estruturantes”. “A discussão de aumento de receita não pode ser separada da de corte de despesa, senão a população não entende e não passa no Congresso. Temos que discutir corte de despesa, reformas estruturantes e aumento de receita num único pacote porque eles estão interligados. O governo tem que fazer o dever de casa e mostrar para a sociedade que tipo de esforço o governo está fazendo para depois pedir um esforço dela. A questão não é só aumentar imposto, mas reprogramar o gasto público e alocar essa transição. Como vamos fazer isso? O governo vai ter que propor”.