Evo, há 10 anos no poder, quer mais. Plebiscito neste domingo deve dizer não
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emOs bolivianos irão às urnas neste domingo (21) para votar uma reforma constitucional que deve decidir se o presidente Evo Morales, no poder desde 2006, poderá voltar a se candidatar ao cargo nas próximas eleições, marcadas para 2019.
Pesquisas de intenção de voto realizadas no últimos dias mostram vantagem do “Não” sobre o “Sim”, especialmente após virem à tona denúncias de que Morales teria usado sua influência para que uma ex-namorada conseguisse um emprego como alta executiva em uma multinacional chinesa.
Gabriela Zapata, com quem Morales chegou a ter um filho que morreu antes de completar um ano, foi contratada pela China CAMC Engineering Co. Ltd., empresa com a qual o governo boliviano assinou ao menos sete contratos milionários, entre eles, a construção de uma mina de potássio no Salar de Uyuni. Morales nega as acusações. “Não sei de nada de tráfico de influência ou corrupção, mas sei que perto de votações como o referendo aparece qualquer mentira”, disse, pedindo que as denúncias de tráfico de influência sejam investigadas.
“Eu nunca mais a vi e não sabia que trabalhava naquela empresa”, disse, em rede nacional. Logo depois, no entanto, a imprensa boliviana divulgou uma foto dos dois juntos no ano passado.
Morales está no poder desde 2006. Caso a medida não seja aprovada, ele deve ficar na presidência do país até janeiro de 2020. Se os bolivianos aprovarem a mudança constitucional e ele for eleito a um novo mandato, Morales ocupará o cargo até 2025.
Primeiro presidente de origem indígena, Morales manteve uma aprovação alta em seus primeiros anos no poder, especialmente após medidas que ajudaram a distribuir melhor a renda no país e a políticas de empoderamento de minorias.
Além disso, Morales esteve à frente do país no maior boom econômico de sua história, com crescimentos anuais que chegaram a 6%. Calcula-se ainda, segundo dados do Banco Mundial, que o índice de pobreza extrema na Bolívia tenha passado de 38,2% para 17% em seu governo, e que a renda per capita tenha subido de US$ 873 para US$ 3.119, criando uma nova classe média.
No mesmo período, no entanto, aumentaram as denúncias de corrupção dentro do governo e a superlotação em penitenciárias, assim como surgiram diversas denúncias de perseguição à liberdade de imprensa.