Xô, zika! Medo aqui não, porque grávida bem assistida tem gestação tranquila
Publicado
emMarta Nobre, edição
O Distrito Federal registrou apenas dois casos confirmados do Zika Vírus em 2015 e as duas pessoas estiveram no Nordeste, segundo dados da Secretária de Estado de Saúde. Em 2016, foram confirmados quatro casos entre residentes no Distrito Federal até a sexta semana epidemiológica. Apesar disso, nos consultórios, diariamente, muitas mulheres grávidas ou que estão tentando engravidar estão amedrontadas e assustadas.
Em meio ao medo generalizado, que tomou conta das mulheres em idade reprodutiva, médicos tentam tranquilizar as gestantes e mulheres que querem engravidar: “Brasília não é área endêmica para o Zika Vírus, não há motivo para pânico”, explica o ginecologista e especialista em Reprodução Humana, Vinicius Medina Lopes, diretor do Instituto Verhum.
Segundo o médico, a principal recomendação para reforçar a segurança das gestantes é o uso de repelente. “Toda gestante também deve consultar seu médico antes de viajar e evitar ir para cidades onde estão ocorrendo epidemia de Zika Virus e o risco da infecção é elevado,” acrescenta o ginecologista Jean Pierre Barguil Brasileiro, também especialista em Reprodução Humana e diretor do Instituto Verhum.
Para mulheres que já têm mais de 35 anos de idade, ou seja, já estão com sua fertilidade entrando em declínio, adiar a gravidez por mais tempo pode comprometer ainda mais a possibilidade de maternidade. Na opinião dos especialistas, as mulheres que desejam engravidar devem discutir com seus médicos antes de qualquer decisão.
De acordo com orientações da Redlara – Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida – os casais em tratamento para engravidar devem ser informados sobre as vias de transmissão de Zika, as recomendações para prevenir o contágio, e sua possível relação com a microcefalia nos bebês, mas a decisão de conceber é um direito exclusivo da mulher. A Rede reforça a necessidade de respeitar a autonomia dos pacientes.
Manter as portas e janelas fechadas ou teladas, usar mosquiteiros nas camas, manter a temperatura baixa com ar condicionado, usar chapéu, calça e camisa de manga comprida, de preferência de cor clara, também são medidas de segurança para evitar a exposição ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da chikungunya.
Além das medidas individuais de prevenção, como uso de repelente e de roupas compridas, é importante que cada pessoa faça sua parte e elimine possíveis focos do mosquito nas suas residências, vizinhança e ambiente de trabalho.
Cuidado, parceiro – A Organização Mundial de Saúde recomenda aos parceiros de mulheres grávidas, que estiveram em áreas endêmicas, ou com suspeita ou infecção confirmada, o uso de preservativos ou abstinência sexual durante o período da gravidez, uma vez que a possibilidade de transmissão sexual do vírus também está sendo investigada pelas autoridades de saúde e cientistas.
Para os que retornam de áreas onde há epidemia do vírus, a recomendação da OMS é evitar o sexo por no mínimo quatro semanas após o retorno ou praticar o sexo seguro.
Inúmeros outros fatores, como o consumo de drogas e álcool, a desnutrição maternal, a toxoplasmose, a sifilis congênita e o citomegalovírus, podem causar a microcefalia congênita. O especialista Vinicius Medina Lopes chama a atenção para a importância das gestantes fazerem todo acompanhamento médico e os exames do pré-natal como forma de garantir a saúde delas e dos bebês.
O número de casos de sífilis congênita, por exemplo, tem crescido consideravelmente em todo país, mas quando a mãe tem a doença detectada a tempo, é tratada adequadamente e todas as medidas de segurança são tomadas, a transmissão para o bebê é totalmente evitável.
No período de 2009 a 2014 foram notificados ao Distrito Federal 733 casos de sífilis congênita. Houve um aumento anual do número de casos detectados e notificados pelos Núcleos de Vigilância Epidemiológica. De 69 casos em 2009, a incidência subiu progressivamente para 171 casos em 2014 no Distrito Federal.
Não consumir bebidas alcoólicas, não usar medicamentos sem prescrição médica e evitar contato com pessoas com febre ou infecções também são algumas recomendações dos especialistas para a mulheres que estão esperando um bebê.