Um selo anunciado, mas nem tudo o que se lê é o que parece
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emO Distrito Federal recebeu na última semana do Ministério da Educação (MEC) o selo de Território Livre de Analfabetismo. De acordo com números do GDF, 97,5% da população acima de 15 anos sabe ler e escrever. Os números animam, mas infelizmente as informações sobre eles não refletem a realidade ou, no mínimo, omitem o que já se conquistou na área até este ano de 2014, que é eleitoral.
Em primeiro lugar, vale esclarecer que a UNESCO declara um território livre de analfabetismo quando 96% da população com mais de 15 anos sabe ler e escrever. O mesmo percentual é utilizado no Decreto Presidencial 6.093/2007, assinado pelo ex-presidente Lula, para conferir o selo do MEC. Essa meta foi alcançada pelo DF em 2006, com 96,2%. De lá para cá, em nenhum momento ela foi inferior a 96%.
Em segundo lugar, pelas próprias contas do governador em entrevista a uma TV online, o DF precisaria formar 15 mil pessoas em 2014 para atingir a meta que esta semana foi anunciada. Números oficiais do governo mostram que o DF Alfabetizado formou, em 2012, 3.300 pessoas e, em 2013, 4.600. Estamos no início de maio, e seria interessante o governo esclarecer como formou 15 mil pessoas em apenas quatro meses.
Outra informação equivocada é dizer que o DF é a primeira unidade da Federação a receber este selo. Importante lembrar, aqui, que a República Federativa do Brasil é formada pelos Estados, Municípios e o DF. Apenas em 2010, o mesmo MEC conferiu o selo de Território Livre do Analfabetismo aos municípios de Marechal Cândido Rondon e Piên, ambos no Paraná. Outros municípios também já receberam a honraria. A quem interessa omitir isto?
Não estou aqui desmerecendo esta marca importante para nossa cidade. A educação deveria receber investimentos importantes em todos os seus níveis. Apenas com a educação podemos ler e entender o que se apresenta nas entrelinhas. Em ano eleitoral, fica o alerta, nem tudo que se lê é o que parece ser.
Eliana Pedrosa, deputada distrital, candidata ao Buriti pelo PPS