Economia sofre com a crise política. PIB deve ficar -3,5% e inflação terá uma alta de 7,6%
Publicado
emCélia Froufe
Depois que o IBGE informou uma queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015, o Relatório de Mercado Focus trouxe projeção de retração da atividade de 3,50% este ano, de acordo com o documento divulgado nesta segunda-feira, 7, pelo Banco Central.
Na edição anterior do documento, a estimativa era de baixa de 3,45% e na de quatro semanas atrás, de recuo de 3,21%. Para 2017, foi mantida a expectativa de recuperação em 0,50% – um mês atrás, a projeção era de crescimento de 0,60% da atividade.
A produção industrial é o principal setor responsável pelas previsões para o PIB em 2016 e 2017. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de baixa de 4,50%, a mesma prevista na semana passada.
Na pesquisa realizada quatro semanas atrás, a mediana das estimativas estava em -4,00%. Para 2017, a previsão mudou de 0,80% para 0,57%. Quatro semanas antes, estava em 1,50%.
Os economistas mexeram levemente em suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB. Para 2016, a mediana das previsões passou de 40,75% para 41,05% de uma semana para outra, ante 40,20 % de quatro semanas antes. No caso de 2017, as expectativas subiram de 44,00% para 45,20% de uma edição para a outra – no boletim divulgado há um mês a taxa era de 43,00%.
Superávit comercial – Ao partir do mesmo ponto na semana passada, de projeção de superávit de US$ 40 bilhões, o Relatório de Mercado Focus trouxe caminhos diferentes traçados para a balança comercial de 2016 e 2017. Para este ano, a nova estimativa está positiva em US$ 39,85 bilhões – um mês antes, estava em US$ 36,35 bilhões. Já para o próximo ano, subiu para US$ 41,26 bilhões – quatro semanas atrás estava em US$ 39,30 bilhões.
No caso das previsões para a conta corrente, segue o movimento de previsão de rombo menor em meio ao ajuste externo pelo qual passa o País. Para 2016, a mediana das expectativas passou de um déficit de US$ 29,95 bilhões para US$ 29,26 bilhões. Um mês atrás, estava em US$ 33,00 bilhões. Já para 2017, a perspectiva é de um rombo de US$ 24,25 bilhões, volume menor do que o apontado na edição anterior, de US$ 25,00 bilhões. Quatro semanas atrás, a perspectiva era de déficit de US$ 28,00 bilhões
Para esses analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir esse resultado deficitário nos dois anos. A mediana das previsões para esse indicador segue em US$ 55,00 bilhões pela décima segunda semana consecutiva, no caso de 2016. Para 2017, a perspectiva de volume de entradas saiu de US$ 55,55 bilhões para US$ 57,50 bilhões.
Inflação em alta – O Relatório de Mercado Focus trouxe um novo repuxo das estimativas após a queda vista na semana passada para o IPCA deste ano. A mediana das previsões para a inflação de 2016 apresentou alta ao sair de 7,57% para 7,59%.
Segue, portanto, distante do teto da meta deste ano de 6,50%. O BC vem reforçando que continua trabalhando para evitar o índice extrapole esse patamar. Quatro semanas atrás, a mediana na Focus estava em 7,56%.
Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das expectativas permaneceu em 7,95% de uma semana para outra – um mês antes, estava em 8,13%.
No caso de 2017, a previsão ficou congelada em 6,00% pela quarta vez, justamente no teto da meta do ano que vem. Essa barreira, no entanto, já havia sido ultrapassada pelo grupo Top 5 de médio prazo. Entre esses analistas, a perspectiva para a taxa foi mantida em 6,50% como na semana anterior. Um mês antes, essas instituições apontavam para um IPCA de 6,40%.
Para a inflação suavizada 12 meses a frente, a mediana também voltou a subir depois da queda da semana passada, saindo de 6,67% para 6,70% de uma semana para outra – há um mês, estava em 6,78%.
Para o curto prazo, houve manutenção das expectativas para a taxa para fevereiro de 2016 em 0,95%. Um mês antes, estava em 0,87%. Já para março, a mediana das previsões se manteve em 0,55% de uma semana para a outra – quatro edições atrás da Focus estava em 0,60%.
De acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado em dezembro, o BC projeta que a inflação encerre este ano em 6,2% no cenário de referência e em 6,3% pelo de mercado. Para 2017, a estimativa da autoridade monetária está em 4,8% pelo cenário de referência e de 4,9% pelo de mercado. Na ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), a instituição informou que houve aumento desses porcentuais nos dois casos em ambos cenários. Uma nova ata está prevista para a próxima quinta-feira e outro RTI deve ser divulgado no fim deste mês.
Preços administrados – As projeções do mercado financeiro para os preços administrados recuaram no Relatório Focus. Vilões da inflação de 2015, ao subirem 18,07%, a expectativa agora é de que terão alta de 7,40% este ano ante taxa prevista de 7,50% na semana anterior. Quatro semanas atrás, a mediana estava em 7,70%.
No caso de 2017, a mediana das expectativas permaneceu em 5,50% pela 13ª semana consecutiva. O BC conta com forte desinflação desse segmento este ano para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5%. A expectativa do BC é a de que, apenas no primeiro semestre deste ano haja uma desinflação de 2 pontos porcentuais da inflação. Entre outros pontos, a instituição conta com a ajuda dos preços monitorados ou administrados pelo governo.
No último Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, o BC escreveu que, em 2016, a dinâmica dos preços administrados, aliados a outros componentes, são “fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), em 2017”.
Na mais recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a previsão do BC para os administrados saiu de 5,9% para 6,3% e a de 2017 ficou em 5%. No documento, o BC enfatizou a alta dos preços das tarifas de transporte público ocorrida em várias capitais do País. Há a expectativa de que o segmento de energia ainda possa dar um alívio à inflação. Uma nova ata será divulgada esta semana e um novo relatório ainda este mês.