Organizações Sociais com sotaque chileno podem tirar saúde de Brasília da UTI
Publicado
emKim Oliveira
Não é de hoje que a situação da saúde no Distrito Federal anda crítica e vem se agravando, podendo ser a maior crise já vivida da história do DF. O Decreto de Estado de Emergência, o troca-troca de secretários, o remanejamento de médicos e todas as outras medidas aplicadas em pouco mais de um ano de gestão do governador Rodrigo Rollemberg, não foram suficientes para atenuar os problemas. A luz no fim do túnel pode ser entregar a gestão dos hospitais públicos a organizações sociais de Saúde – OSS.
No governo de Agnelo Queiroz, que é médico, a população assistiu episódios de filme de terror. Partos realizados no chão de hospitais, pessoas morrendo por falta de atendimento e medicamentos básicos, além das péssimas condições de trabalho para os profissionais da área. No atual governo não tem sido diferente, ao contrário a situação só se agrava, embora tenha sido eleito com a proposta de mudança, a única coisa que vem mudando é o gestor da pasta, três já passaram pelo comando.
A situação ficou tão feia, que médicos chegaram a fazer atendimentos enrolados em sacos de lixo pela falta de aventais. Não bastasse a crise financeira, de pessoal e de material, o surto de doenças na capital da república é assustador, de dar medo: zika vírus, dengue, caxumba, sem contar com as viroses, que os brasilienses enfrentam a qualquer época do ano.
O governador Rodrigo Rollemberg conheceu o modelo de gestão das OSS, que já é aplicado no Estado de Goiás e gostou, desde então a implantação do modelo no DF vem sendo discutida. Geralmente, nas parcerias com OSS, o Estado arca com medicamentos, insumos e equipamentos, enquanto as entidades ficam com a gestão de recursos humanos, a manutenção dos prédios e as inovações.
O deputado distrital Rodrigo Delmasso (PTN), é favorável que haja um choque no modelo de gestão e afirma que embora o “DF tenha o maior orçamento per capita do País, oferece a pior saúde. Precisamos de uma agenda para recuperar o setor”, considera.
A Notibras, Delmasso afirmou que acredita que o maior problema da saúde hoje é ‘que servidores são extremamente capacitados, mas são dia após dia desmotivados pela ausência de estrutura.” O parlamentar esclareceu que a proposta de gestão que ele defende não é de uma privatização, ou da tomada da saúde pelas OSS, mas sim a “tomada de rédeas na área administrativa.”
Para Delmasso a burocratização na saúde tem comprometido o funcionamento e o desempenho dos funcionários. “Eu defendo que as OSS entrem com implementação de suprimento, logística e manutenção. Teríamos dois diretores, um administrativo (OSS) e um do Estado, que seria responsável pelo atendimento e pessoal em geral. Um trabalho em equipe que gere melhores condições, produtividade e eficiência”, explica.
O distrital lembra que o mesmo modelo foi adotado no Chile, “onde a composição mista de privado e público funcionam em acordo, para maior otimização e desempenho na área
da saúde.”
“Até que alguma decisão seja tomada, continuamos na linha de emergência, medo e insatisfação”, alerta Delmasso. Sindicatos e conselhos de saúde são contra a gestão das OSS na saúde pública do DF.