Rio de Paz faz manifestação para homenagear crianças vítimas de balas perdidas
Publicado
emCristina Indio do Brasil
A organização não governamental (ONG) Rio de Paz, filiada ao Departamento de Informação da Organização das Nações Unidas (ONU), fez, na tarde de hoje (28), uma manifestação na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio, próximo à curva do Calombo, para marcar as mortes de crianças vítimas de bala perdida desde 2007, como Ryan Gabriel, de 4 anos, que morreu hoje (28), pela manhã, no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio.
O menino não resistiu ao ferimento no peito, que sofreu ontem (27), durante um tiroteio entre traficantes no Morro do Cajueiro, em Madureira, zona norte do Rio. Ele estava brincando em frente a casa dos avós, para onde tinha ido passar o domingo de Páscoa.
O presidente da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, disse que o ato foi motivado pela morte de Ryan e para chamar atenção da sociedade para a grave situação de tiroteios em comunidades, onde crianças têm sido vítimas. No mesmo local, onde foi morto o médico Jaime Gold e desde maio de 2015 exibe painéis com o placar da violência na cidade, no ato de hoje foram colocados cartazes com os nomes das 26 crianças mortas por balas pedidas desde 2007, com uma breve descrição de cada caso.
“O local é emblemático, porque aqui, há um ano foi morto do médico Jayme Gold e um local por onde passa gente que pode mudar a história do Rio de Janeiro. Aqui passam pessoas que são formadoras de opinião”, disse Costa.
Cenário de exclusão
O presidente da ONG defendeu que se a sociedade ouvisse mais os que moram do outro lado da cidade e enterram os filhos vítimas de balas perdidas, lutasse mais pelo fim do cenário de exclusão e por aumento de investimentos em políticas públicas nas favelas, fatos lamentáveis como a morte de Ryan seriam evitados.
“Essas pessoas poderiam fazer várias coisas. Em primeiro lugar procurar as autoridades, elas são ouvidas. As pessoas que moram nesta região da cidade têm acesso aos locais onde as decisões são tomadas. Elas poderiam protestar, escrever para jornais e poderiam se unir para criar uma frente. Imagine se essas pessoas estivessem hoje expressando a mais profunda indignação pela morte dessa criança de 4 anos?”, questionou.
O presidente da Rio de Paz comparou a protestos em outros países como a Suécia, que diante de uma situação semelhante como a morte das crianças haveria a participação da classe média para dar voz a quem não tem condições de reclamar. “Essas pessoas que estão enterrando os seus filhos em comunidades pobres, muitas vezes não podem nem mesmo gritar e expressar a sua indignação, porque vivem em locais onde a liberdade de expressão inexiste”.
Protesto
Após a morte de Ryan, houve um protesto que interrompeu o trânsito nos dois sentidos da Avenida Ministro Edgard Romero, na altura da Rua Leopoldino de Oliveira, no corredor Transcarioca do BRT (Transporte Rápido por Ônibus). Durante a manifestação foram queimados dois ônibus, um deles do sistema BRT. Durante o protesto, a Estação do BRT Otaviano foi destruida e a Estação do BRT Vila Queiroz foi incendiada.
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que o sentido Vaz Lobo da Avenida Ministro Edgard Romero, na altura da Rua Leopoldino de Oliveira, em Madureira foi liberado. O tráfego no sentido oposto segue interditado. A Polícia Militar continua na região.
A Polícia Civil informou que o delegado Niandro Lima, titular da 29ª Delegacia de Polícia, instaurou um procedimento para apurar a autoria dos incêndios nos ônibus na Avenida Edgard Romero.
Agência Brasil