Para Miguel Reale, promover eleições no pós impeachment é ideia de um grupo de jerico
Publicado
emJulia Affonso
Um dos signatários do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff que foi acolhido pela Câmara dos Deputados, o jurista Miguel Reale Júnior, afirmou nesta sexta-feira, 8, em São Paulo, que a possibilidade de se ter novas eleições é ‘maluquice total, ideia de jerico’. Reale Jr faz palestra “Dilemas Brasileiros” na reunião-almoço mensal do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP).
“Maluquice, maluquice. Que se tenha um semi-presidencialismo informal pode ser, mas sem reforma constitucional. O Brasil não está no instante para ficar parado fazendo reforma. Imagine o Brasil parado fazendo reforma, parado em um processo eleitoral integral. Quem é que governa, quem é que conduz esse país? O pais derretendo. É maluquice total, ideia de jerico”, afirmou Reale Jr.
O jurista anotou. “Se não todos deveriam renunciar a seus mandatos, governadores, deputados. Para que nova eleição? Vem o (senador) Renan Calheiros (PMDB-AL) dizendo que é favorável à isso. Ele é favorável à isso ontem eu quero saber se ele é favorável ao que amanhã? A cada dia ele muda.”
A Rede Sustentabilidade, da ex-presidenciável Marina Silva, lançou na terça-feira, 5, a campanha “Nem Dilma, Nem Temer, Nova Eleição é a Solução”. PPL e PSB também assinam petição e querem contribuir com denúncias sobre as eleições presidenciais. Aliado do vice-presidente Michel Temer, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) foi outro que também defendeu a realização de novas eleições presidenciais em outubro deste ano. Pela proposta, o pleito ocorreria simultaneamente com as eleições municipais.
Reale Jr chamou de ‘divisão do butim’ a troca de cargos que o governo tem feito para atrair o apoio das alas partidárias que ainda resistem à aderir ao desembarque.
“Eu creio que nós estamos assistindo um filminho de faroeste em que se corta a nota de dólar no meio e se entrega a outra metade depois da votação. Mas parece que o vento não está favorável à essa divisão do butim. Cada vez mais se acentua a compreensão da necessidade de tirar a Dilma e salvar o Brasil.”
O jurista também se manifestou sobre a delação premiada de executivos da empreiteira Andrade Gutierrez. Segundo o acordo, propina da Petrobrás teria sido transferida como doação legal à campanha eleitoral de Dilma, em 2014. A delação aponta ainda propina de R$ 150 milhões ao PT e ao PMDB sobre contratos da Usina de Belo Monte.
“Isso não é motivo para impeachment, isso é a chapa. E o processo que está tramitando no TSE vai demorar. Hoje mesmo dizem que esse processo só vai ter fim em 2017. Nem começou a instrução ainda. O Brasil não pode esperar até 2017”, disse.
Miguel Reale Jr ainda se posicionou sobre o impeachment da presidente Dilma. “Não é mais nem o caso de partido. Lógico que teve partido que decidiu votar a favor do impeachment de forma fechada, como por exemplo, o PV, o PSB. Agora a questão é pessoal. O deputado sabe que vai estar sendo transmitido pela TV a votação em aberto e ele pode escolher entre o bolso e a honra”.