Crianças com roupa vermelha em escola pública da Asa Norte vira caso de polícia
Publicado
emMarcelo Brandão
Projeto educativo de uma escola pública de Brasília causou polêmica nas redes sociais nos últimos dias e virou caso de polícia. A orientação para os alunos usarem peças de roupas vermelhas, associada pela direção da escola à responsabilidade no combate à dengue, gerou acusações de apoio ao governo da petista Dilma Rousseff.
A diretora disse que chegou a receber uma ligação acusando-a de ser comunista e ameaçando-a. Na semana passada, a Escola Classe 106 Norte, localizada no Plano Piloto da cidade, pediu que os pais vestissem os alunos com “camisetas e/ou assessórios” vermelhos, para uma atividade na última sexta-feira (8), como parte do projeto Cidadão do Mundo. Segundo a vice-diretora, Lisete Prediger, o uso da cor vermelha significava um “alerta” para o combate à dengue.
“O Cidadão do Mundo trabalha com cores representando valores. Na sexta-feira, as crianças vieram caracterizadas para explicar a dengue. O vermelho era em tom de alerta para a dengue. E as crianças vieram todas de vermelho. Os pais conhecem o projeto e não tem reclamação nenhuma de pais na escola”, disse.
Chamada de “pilar da responsabilidade” para a atividade de sexta-feira, a cor vermelha, segundo a vice-diretora, também faz alusão a um dos pilares de sustentação da escola – que são coloridos – e um deles é pintado de vermelho. O projeto que associa os pilares coloridos a valores, acrescenta ela, já existe há quatro anos na escola.
Lisete disse ainda que o bilhete enviado aos pais foi modificado e divulgado em redes sociais como se a atividade tivesse alguma motivação política. “Fizeram uma montagem em cima do bilhete da gente e publicaram nas redes sociais. É isso que está causando tanta indignação”.
A diretora, Edmar Teixeira, disse ter recebido uma ligação fazendo ameaças. Uma pessoa que não se identificou, segundo ela, chamou-a de “comunista”, disse que descobriria onde ela morava e iria à sua residência para “infernizá-la”. A ligação motivou Edmar a ir, na tarde de hoje (11), à delegacia registrar ocorrência.
A vice-diretora Lisete Prediger ressaltou, no entanto, que a escola tem recebido apoio dos pais dos alunos. Disse que a atividade aconteceu na sexta-feira, como previsto, e hoje, durante a entrada dos alunos, a direção da instituição recebeu mais uma série de manifestações de apoio. “Fizemos questão de chamar os pais para entrar na escola e explicar”, afirmou. De acordo com Lisete, nenhuma pessoa que se identificou como pai de aluno da escola criticou a atividade da última sexta-feira.
O apoio também tem se refletido em redes sociais. Na página da escola no Facebook, várias pessoas se identificaram como pais de alunos e criticaram a polêmica. No mesmo canal, a escola publicou uma nota de esclarecimento, desvinculando a atividade de qualquer intenção política.
“Entendemos que as crianças não devem ser condicionadas a atrelar o significado de qualquer cor unicamente a uma questão política e, por isso, não acreditamos que exista doutrinação nessa prática, uma vez que nos posicionamos de maneira politicamente neutra em nossas atividades educativas […]. Estamos cientes que existem inúmeras ferramentas de manipulação, mas rejeitamos fortemente que a educação precise se privar de algo tão natural quanto o uso das cores nas atividades lúdicas e pedagógicas”, diz um trecho da nota.
Agência Brasil