Liquidada a fatura de Dilma, Cunha vira nova bola da vez para também perder a cabeça
Publicado
emCláudio Coletti
Liquidada a fatura do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a pressão agora na Câmara é contra o presidente Eduardo Cunha. O seu banimento do cenário político do Brasil é solicitado em praça pública, na imprensa, nas redes sociais e no Congresso Nacional. Pode- se afirmar, sem erro, que ele hoje é o político mais desdenhado, mais repudiado, de todo o país. São-lhe imputadas graves acusações: corrupto, ladrão de dinheiro público, gangster, e assim vai.
Na Câmara, Cunha tem processo andando para cassação do seu mandato de deputado federal, por ter mentido, no ano passado, na CPI da Petrobras. Ele afirmou não possuir nenhuma conta bancária no exterior, prontamente desmentido pelas autoridades da Suíça.
No Supremo Tribunal Federal, Cunha responde a três processos, sendo que num deles já foi declarado réu. Todos eles são de acusações da Procuradoria-Geral da República por seu envolvimento em vários casos de propinas ocorridos na Petrobras.
A todas as acusações Eduardo Cunha tem feito ouvido de mercador. Cara de paisagem. Mas, nos bastidores, como profundo conhecedor da Constituição e do Regimento Interno da Câmara, ele dá um verdadeiro baile nos 21 membros do Conselho de Ética. Realiza todos os tipos de manobras, algumas com a característica de chicana. Tem emperrado o andamento do seu processo, a ponto de ele estar no mesmo lugar em que começou, em março de 2015. Pelo andar da carruagem, já se calcula na Câmara que ele acabará recebendo tão somente uma pena de advertência, preservando seu mandato. Principalmente agora que tem maioria dos votos do Conselho de Ética (11 a 10).
A punição tão cobrada deverá acontecer no Supremo Tribunal Federal. É lá que os três processos que cunha responde poderão resultar, inclusive, na sua prisão. Mas isso vai demorar, talvez só no fim do ano. Repetir-se-a com ele a mesma decisão do Supremo, que puniu os 23 réus envolvidos no processo do mensalão do PT. Entre eles estavam os então famosos José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e Roberto Jefferson, todos levados para cadeia.