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Sub-notificação continua sendo entrave no combate à violência contra a mulher

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Felipe Meirelles, Edição

Apesar dos avanços da Lei Maria da Penha, os casos de violência contra as mulheres ainda são sub-notificados. A avaliação é da promotora de Justiça Silvia Chakian de Toledo Santos, em palestra no seminário Agressões à Mulher, Combate e Superação, promovido pelo coletivo Mulheres do Brasil.

Silvia, que também é coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público, explica que a sub-noticiação começa quando a denúncia é recebida com desconfiança pelos agentes do setor público. “Todos nós prejulgamos essas mulheres com base na nossa formação, nos esteriótipos de gênero. Elas são questionadas, é exigida uma coerência. Elas têm a palavra colocada em cheque”, disse.

Segundo a promotora, alguns entraves ainda estão presentes, como a vergonha de expor a intimidade, a dependência financeira do parceiro, a esperança de que o parceiro vai mudar, a falta de conhecimento sobre onde pedir ajuda e a antiga ideia de que as mulheres são responsáveis pela manutenção da família.

Além disso, há o misto de emoções: “a vítima de violência nunca chega com sangue nos olhos, mas com lágrimas nos olhos. Tem uma mistura de sentimentos. Ela ainda ama aquele homem ou um dia amou e sente culpa. Temos que compreender essas razões”, declarou a promotora.

Outro entrave que contribui para as sub-notificações, explica ela, é a diferença de perfil do agressor em relação a autores de crimes urbanos comuns. “Ele geralmente é trabalhador, frequenta a igreja, é visto como um bom cidadão. Por isso, muitas vezes, essas mulheres se sentem desacreditadas no processo”. Nesses casos, ainda é preciso conscientizar o homem de que o seu comportamento é ilícito: “Eles acham que não fizeram nada de errado”.

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