Memórias
A cada estação, o livro que não é escrito fica cheio de borrão
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Cada página foi escrita com tinta da saudade de um tempo que não volta.
Cada memória presa em suas margens são lembranças gravadas com a essência da minha alma.
Em cada linha escrita, um átomo de um todo que fui, um sonho não realizado, mas idealizado.
Como folhas murchas que o vento não carrega, aquelas caídas no inverno, iguais aos meus sonhos de outono.
Hoje meu livro está cheio de borrões, onde a melancolia pinta as palavras; cada palavra cravejada de saudade e solidão, com o peso de um amor que morreu.
Em meus versos, abraço minha alma, choro a partida e não tenho esperança do regresso. Pois creio que seu coração há muito me esqueceu.
As palavras borradas, quase apagadas, se entrelaçam formando imagens que confundem o tempo. Os fragmentos de uma vida que a história escreve, a memória esmaga e a saudade solidifica.
Meu livro traz páginas que falam da ausência, das estradas nunca percorridas, das promessas quebradas, dos pensamentos escritos no guardanapo da cafeteria, os quais o vento levou para o esquecimento.
Mas nas páginas de meu livro estão guardadas, mesmo amareladas, folhas amassadas.
Nestas páginas, a melancolia encontrou abrigo seguro, um refúgio silencioso onde minha alma se acolhe nas horas mais tristes. Aqui, nestas páginas, posso chorar sem que alguém ofereça um lenço; cada palavra escrita é um sopro do ontem, um lamento que não viaja no tempo.
Meu coração revive tudo, choro e viro a página final, deixo essa saudade me guiar. As lembranças são mágicas, a capacidade que eu tinha de amar vira lágrimas que mancham a história; a nostalgia me abraça forte. Então fecho o livro e guardo com carinho, pois nele está minha essência, minha alma, minha saudade, tudo que o tempo ainda não conseguiu levar.
