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A Inconfidência nossa de cada dia em tempos modernos

Em dias acalorados de hoje, quando se discute a Crise Financeira Mundial , a Desoneração Fiscal e o Papel do Estado Brasileiro na Economia e nos Meios de Produção, no promiscuo Jogo Político do “Toma Lá e Me Dá Cá ”do Congresso Nacional, e entre os vários Institutos da Federação, União, Estados e Municípios , tendo por personagens Figuras já Carimbadas da Velha República, tais como José Sarney, Michel Temer e outros, é necessário, especialmente, que reportemos o 21 de abril de 1789, em que, cansados do Jugo Português e da Ferocidade Arrecadatória da Coroa, reuniram-se, em Vila Rica – MG, atual cidade de Ouro Preto, alguns intelectuais da época, a destacar, Cláudio Manoel, Thomaz Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Padre Rolim, Tiradentes , e muitos, muitos sonegadores.

Intuídos em tramar contra a Derrama , dia de recolhimento compulsivo do imposto do quinto do ouro atrasado, o Movimento , debelado pela traição de Antônio Silvério dos Reis, entrou para a História como sendo a ” Inconfidência Mineira “, tida, por muitos, como precursora da Independência do Brasil, gravada a ferro e a fogo nos dizeres: “ Libertas quae será tamen ”.

No próximo dia 21 de Abril, comemoraremos duzentos e vinte poucos anos do lacônico ensejo, culminado com o enforcamento de Joaquim José da Silva Xavier: O Tiradentes .

Nesta data, no entanto, daquele Brasil Colonial, antagonizado pelos Inconfidentes , muito pouco, de fato, fôra mudado, comparando-se com o Brasil de Hoje, o Brasil da “ Ordem e Progresso ”, estigmatizado na nossa Bandeira..

Contemporânea da Revolução Francesa, 1789, onde os ideais iluministas preponderaram, e se alastraram pelo mundo, ” liberdade, igualdade e fraternidade “, também incorporados na Bandeira do Estado de Minas Gerais, no lema: ” Liberdade ainda que tardia ”, a Inconfidência Mineira , contudo, ao meu modesto ver, ainda não acabou, mas está por vir.

Senão vejamos: Assola-nos, hoje, da mesma forma que, então, a Coroa Portuguesa, o Estado Brasileiro, com tremenda carga tributária, e tal qual as “ Cartas Régias de D. Maria I ”, que proibiam a atividade produtiva e industrial no Brasil, as diferentes instâncias de governo punem, igualmente agora, a atividade laboral e os valores do trabalho, seja através das inúmeras prefeituras municipais, com avantajados “ ISSs ” e necessários “ alvarás licenciatórios ”, seja na Pessoa dos diversos Estados, meio que estipulando, em tempos modernos, o verdadeiro “imposto do quinto” , atual, traduzido pelo “ ICMS proibitivo ”, ou seja, o Governo Federal, representado pelo açoite injusto da “ CPMF ” e os acentuados “ IPIs ” da vida.

Tudo isso, a remendar o Brasil Colônia, em pleno século XXI.

Não fosse o bastante, assim como na antiga Vila Rica, a imobilidade social é absurda, e a falta de distribuição de riqueza é gritante, aviltando os valores éticos, morais e patrióticos da Sociedade Moderna.

Minas Gerais , por si só, intitula-se, a si mesma, como sendo o ” Estado da Liberdade “; A de pelo menos uma vez por ano, a todo santo dia 21 de Abril, quando transfere simbolicamente a Capital do Estado para Ouro Preto, recebendo, em verdadeiros “ showmissios”, presidentes, e políticos de toda sorte.

Mas, parece-nos, todavia, que, ao referir-se à “ Liberdade” , a Minas Gerais de Hoje, não o faz como Instituto . Versa, sim, o Estado Mineiro, tão somente, sobre a palavra bonita de se pronunciar:” Liberdade “. Onissonora. Dispõe, assim, apenas sobre a “ Liberdade ”, como mero fonema. Simples som produzido pelas cordas vocais do Orador. Não dispõe, na verdade, sobre a “ Liberdade Conjurada ”: A petrificada no tempo, aprisionada na História, e, enforcada junto com O Tiradentes , no cadafalso da Praça Homônima.

O Tiradentes de quem falo, agora, é o Vivo , e não a Estatua, com quem rivaliza, mansamente. Instalada entre as Avenidas Afonso Pena e Brasil, em Belo Horizonte.

Não me refiro ao Tiradentes, de mãos amarradas para trás e pés vacilantes. Ao maltrapilho, que, a todo o momento, nos vende a suposta imagem do Homem, que, amedrontado, em Pedra-sabão , não teve tempo para correr.

Falo, sim, do “ Tiradentes Vivo ”, que anseia por “ Liberdade” . Hoje, aqui, e agora! Nos morros e nas favelas, nas marés e nos subúrbios. O que torce freneticamente para o Time do Atlético , ou então, pelo do Cruzeiro . O que prefere ouvir MPB , ou, às vezes, a Música Sertaneja de “ Pena Branca e Xavantinho ”. Tanto faz, desde que seja brasileiro, desse Imenso País.

Falo do Tiradentes, o chamado por: João , Antônio ou, quiçá, Maria . O Cidadão Brasileiro . O que sabe, com certeza absoluta, que a “ Liberdade ” não é um Bem que se ache nas gôndolas de supermercado, ou que se adquira, eventualmente, ali na prateleira da Lojinha da Esquina.

Falo do “ Tiradentes Vivo”, o que se esculpi a cada novo dia, nos pivetes e sinaleiros de trânsito. O que sabe com convicção patriótica: “A “ Liberdade” não é algo que se conquista, absolutamente e de forma definitiva, ou algo que se consuma, para todo o sempre. Porque a “ Liberdade” somente se faz no total, amplo e permanente “ Exercício” . Dia a dia. Na “ Derrama de Hoje em Dia” , que, mais uma vez, virá!”

Pettersen Filho

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