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Caverna na Tailândia

Meditação foi essencial para sobrevivência dos garotos presos

Publicado

Autor/Imagem:
Pedro Nascimento, Edição

O resgate dos meninos e do técnico do time de futebol ‘Javalis Selvagens’ presos em uma caverna numa região remota da Tailândia teve um desfecho feliz nesta terça-feira (10), apesar da morte do mergulhador voluntário Saman Kunan, que será lembrado como um herói.

Uma pergunta que muitas pessoas ainda se fazem é: como os meninos mantiveram-se relativamente tranquilos durante 15 dias de isolamento total?

A resposta pode ser dada por um conjunto técnicas de meditação, que o técnico Ekkapol – vamos chamar de Ake – ensinou aos garotos de 11 a 16 anos, para eles conservarem o máximo de energia possível no corpo, com pouca comida, sem ver a luz do sol e qualquer contato com o mundo externo.

Quando estava na caverna, Ake, 25 anos, pediu desculpas aos familiares dos garotos pela situação em que eles estavam, através de uma carta enviada pelos mergulhadores. As famílias, no entanto, disseram que ele não tinha culpa alguma e que era para ficar tranquilo.

Os mergulhadores disseram que Ake era um dos piores que estava em pior condição física, já que ele abdicou da sua comida para dar aos meninos.

Temos muitas as razões para acreditar que o técnico manteve os meninos vivos, compartilhando conhecimentos de meditação que ele adquiriu quando era um monge budista. Alguns analistas afirmam que sua capacidade de meditar e se manter calmo foram cruciais para a sobrevivência dos 12 garotos e dele próprio.

Ake foi monge budista durante uma década e, mesmo após deixar a prática religiosa, para cuidar da avó doente, há 3 anos, manteve o hábito de meditar com os monges do templo quase todos os dias.

“Acredito que [a meditação] tenha sido vantajosa, mesmo que tenha servido unicamente como uma forma das crianças sentirem que seu treinador estava fazendo algo para ajudá-las”, afirmou o professor universitário de Psicologia, Michael Poulin, à Associated Press.

É bem possível, mas o neurologista e especialista em meditação, Rogério Lima, da Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro (Unirio), acredita que a prática da meditação, além da simples presença de Ake, ajudou os meninos a não entrarem em pânico.

Em entrevista, o neurologista afirmou: “A meditação atua no eixo corpo neuroendócrino-imunológico. Quando meditamos, estimulamos a produção de neuro hormônios, que passam a circular pelo corpo reorganizando o organismo”.

Ocorre, então, uma regularização da frequência cardíaca, da pressão arterial e dos próprios sentidos de estresse, dor e da fome, o que nos ajuda a entender um pouco mais a resistência dos meninos e de Ake nos dias que ficaram confinados dentro da caverna de Tham Luan.

Lima reforçou ainda o papel fundamental que o ex-monge teve enquanto os garotos meditavam, apesar da pouca idade que tem: “Até para conduzir todas essas crianças e adolescentes, com toda energia disponível delas, pela quantidade de tempo que ficaram na gruta”.

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