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A perigosa tática do EI para implantar o Islã a ferro e fogo

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Depois do terror desencadeado na Síria e Iraque pelo Estado Islâmico (EI) esconde-se uma maquinaria estruturada durante anos com um objetivo: implantar sua visão radical do Islã a sangue e fogo.

Depois da fulgurante ofensiva da organização terrorista em amplas zonas de ambos países, numerosos meios de imprensa e serviços de espionagem de todo mundo tentaram revelar as engrenagens do EI.

No entanto, a impossibilidade de entrar nas áreas que controla e seu secretismo provocaram todo tipo de hipótese sobre o tema, muitas vezes discordantes entre si.

O anúncio no ano passado sobre as supostas feridas do autoproclamado califa Abu Bakr al Bagdadi em um bombardeio no Iraque, disparou as teses sobre sua sucessão.

O Daesh (iniciais desse agrupamento em árabe) aprendeu com os erros de outras formações jihadistas, em especial da Al Qaeda, e criou um governo nas sombras que inclui numerosos departamentos ou ministérios e dezenas de executivos provinciais para administrar as áreas sob seu controle.

Uma vez conquistado um território, o EI cria as estruturas que em nada diferem de governos ocidentais, se identificamos sua visão radical e seus crimes, destaca uma investigação do Consórcio de Busca e Análise do Terrorismo.

O resultado é um aparelho militar estruturado para impulsionar seu particular jihad (guerra santa) e um sistema de administração descentralizado mediante o qual tenta oferecer os serviços básicos à população.

Para financiar sua política, o EI utiliza numerosos meios, desde a venda de petróleo ou cobrança de resgates e impostos até doações do exterior e venda de órgãos, como denunciou recentemente um diário iraquiano.

No topo da pirâmide está o autoproclamado califa e Comendador dos Crentes, Abu Bakr al Bagdadi.

Nascido na cidade iraquiana de Samarra, Ibrahim Awwad Ibrahim al Badri, seu verdadeiro nome, se graduou em estudos islâmicos na Universidade de Bagdá e esteve preso em Camp Bucca, um cárcere estadunidense aberto depois da invasão ao Iraque em 2003.

Ali conheceu numerosos detentos que na atualidade são seus principais colaboradores, muitos deles militares e funcionários do derrocado presidente Saddan Hussein.

Segundo o Grupo Soufan, uma empresa especializada em informação de inteligência, sob o comando direto da Al Bagdadi estão Abu Muslim al Afari al Turkmani e Abu Ali al Anbari, que lideram as operações no Iraque e na Síria, respectivamente.

Este triunvirato é o encarregado de dirigir o Daesh, e do qual depende os demais da organização, entre elas o Conselho da Shura, uma espécie de gabinete com a missão de assessorar em temas políticos o Bagdadi e de transmitir suas ordens.

Outro elemento chave é o chamado Conselho da Sharia, cujo objetivo é garantir que as leis e o acionar dos membros do EI sejam conforme sua visão particular e radical do Islã.

Esse setor outorga a justificativa legal e religiosa ao Estado Islâmico para assassinar, saquear ou escravizar a quem se oponha, em especial as minorias.

Mais abaixo estão os governadores de dezenas de wilayas (províncias), repartidas entre ambos países.

Al Baghdadi é o pastor, e seus adjuntos são os cães que pastoreiam as ovelhas do EI, comentou Hisham al Hashimi, um analista de segurança que teve acesso a documentos dessa organização apreendidos pelo exército iraquiano.

Al Anbari e al Turkmani são os pilares da fortaleza de al Baghdadi. Eles são quem o mantêm no poder, estimou.

Como parte da estrutura, cada pessoa tem sua função específica, que vai desde o gerenciamento dos detentos e o transporte de terroristas suicidas até o cuidado das famílias dos mortos em batalha ou as operações com artefatos explosivos.

Também há departamentos de comunicação, fornecimentos de armas, de inteligência, entre outros muitos.

Segundo o diário britânico The Telegraph, a organização terrorista conta com cerca de mil comandantes de campo de nível médio e superior, todos com experiência militar ou em matéria de segurança.

Pelo exercício dos seus cargos, os salários oscilam entre 200 até 3 mil dólares mensais.

Roberto Castellanos Fernandez

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