Existe uma visão, equivocada, vale dizer, que os profissionais de segurança pública são indivíduos atarracados, incapazes de refinamento e pensamentos complexos.
Essa enganosa visão, é claro, encontra na própria história pregressa de nossa Pátria luminares que contrastam essa narrativa: existiram figuras como o Visconde de Taunay, Euclides da Cunha, e o Marechal Cândido Rondon, que combinavam grande valor marcial com uma sólida bagagem intelectual.
Tentando mudar a imagem que foi construída, um Capitão da PMBA, Tácio Dê, juntou militares baianos num coletivo com o propósito de fazer arte literária.
Eu conheci Tácio através de uma editora que participamos juntos, a excelente Cogito, da qual também estou em antologias. Tácio acabou formando a própria editora e lançou um projeto para os militares: a maravilhosa antologia Poetas de Farda, da qual também participei.
Nela, os membros colocaram pensamentos os mais diversos: reflexões sobre sua missão na sociedade, poemas amorosos, filosóficos e reflexivos.
Ele logrou lançá-la na última Bienal de Salvador, com uma vendagem. Conheci graças a iniciativa de Tácio outros colegas que partilham do mesmo amor à literatura, e com os quais participo de iniciativas junto à sociedade.
Iniciativas como essas são importantes para aproximar o servidor da população e mostrarem que ele também é um deles, que também tem sonhos, expectativas e que desejam construir um futuro de paz e compreensão.
O mito de que ele é um ser diferente, separado da sociedade, não se sustenta diante da sua participação nos esforços culturais do povo: o agente se mostra como parte do povo, estando junto com ele nos espaços de lazer e de pensamento.
Iniciativas como as que o Capitão Tácio realizou são necessárias, e é de se esperar que se multipliquem, pois há muito potencial entre policiais, seguranças e guardas para ser explorado: muitos deles são, como pude ver em primeira mão, excelentes escritores, acadêmicos e compositores, e o que eles têm a contribuir não pode ser deixado de lado.