Está chegando a hora
Abadás, axé e trios elétricos esquentam as ruas de Salvador

O Carnaval de Salvador se aproxima, e a cidade já pulsa no compasso do axé. As ruas do circuito Barra-Ondina e do Campo Grande serão tomadas por um mar de abadás coloridos, onde foliões de todas as partes do Brasil e do mundo se misturam em um só ritmo. Não há espaço para a timidez: o trio elétrico arrasta multidões, e a alegria se espalha como brisa quente de verão.
A tradição se renova a cada ano, mas algumas coisas permanecem imutáveis. O coração da festa ainda é a energia dos blocos e a vibração das grandes estrelas da música baiana. Ivete Sangalo, Bell Marques, Léo Santana e tantos outros comandam a folia do alto dos trios, transformando as avenidas em um imenso palco a céu aberto. O batuque do Olodum ecoa no Pelourinho, e as ladeiras históricas dançam junto com os tambores.
Para quem já viveu essa experiência, sabe que o Carnaval soteropolitano é mais do que uma festa: é um ritual de entrega. São cinco, seis dias – ou até mais – de pura euforia, onde o corpo se rende ao balanço do axé e a mente esquece as preocupações cotidianas. Cada bloco tem sua identidade, cada camarote tem sua exclusividade, mas o espírito da festa é um só: a celebração da vida.
O Carnaval de Salvador não se assiste, se vive. É suor, é canto, é dança. É multidão se movendo como ondas sob o comando de uma guitarra baiana. É o momento em que as diferenças se diluem e todos se tornam foliões, unidos pelo mesmo desejo de aproveitar cada segundo dessa explosão de felicidade.
E quando a última batida ressoar e a quarta-feira de cinzas chegar, restará apenas a saudade e a certeza de que, no próximo ano, a festa recomeça com ainda mais intensidade.
