Permanece vivo entre nós o ódio cultivado por aquela estranha tribo das calçadas, cujos membros provavelmente nasceram de parto de cócoras, isto é, foram despejados em lugares remotos do Brasil. Se juntaram em determinadas capitais graças ao odor de chorume de outra criatura vinda do além para infernizar o dia e as noites de quem trabalha pela paz e pelo crescimento do país. Como zumbis em busca do sangue alheio, eles não perecem. É o preço cobrado pela vida àqueles que odeiam a si mesmos. O importante é que, nessa luta entre a dignidade e a indignidade, os indicadores mostram que hoje os que odeiam o ódio são maioria.
De acordo com as estatísticas, a tendência é que, a médio e longo prazos, os paquidermes sejam engolidos pelos carcarás do bem. A lei da existência estabelece que toda história que se preza tem um final feliz. A nossa não será diferente. A Terra Brasilis não merece um povo que não aceita vizinhos com verdades diferentes das mentiras que pregam. É visível e cristalino o crescimento das opções contra a sofisticada e infeliz má conduta dos que teimam em usar o nacionalismo personalista e espúrio como qualificação pessoal.
Semana passada, os racistas caseiros e os de fora tiveram de se render à maestria de Vini Júnior com os pés e com as palavras. Com o sorriso de sempre, ele responderá ao racismo com o título de melhor jogador do mundo. Aliás, essa e outras premiações de peso não constam da lista daquele atleta bolsonarista que se diz iluminado, mas custa a sair do chão. Azar o dele. No mesmo período da resposta de Vini Junior, os brasileiros se deram conta de que a camisa amarelinha da Seleção Brasileira não é monopólio de Neymar Junior, tampouco dos que se avaliam mais “patriotas” do que os demais.
Independentemente da simpatia pela causa, a Parada Gay do último domingo (02) mostrou que, ao vestir o manto brasileiro, você pode ser torcedor, petista, bolsonarista ou um dos milhares de integrantes da comunidade LBGTQIA+. Loucos para defecar na cabeça de quem pensa, os abutres do colapso continuam voando baixo em busca do que imaginam ter deixado para trás. Não deixaram nada porque nada fizeram. Portanto, o melhor caminho seria o recolhimento à insignificância do grupo e de suas propostas (?) sofríveis, mas sempre em benefício próprio. Eles não são capazes disso, pois jamais se acharão inferiores. Por isso, continuarão profetizando o caos até que o demo que encarnam se encarregue de tosquiá-los ainda no nascedouro.
A última da bancada do meu pirão primeiro é uma piada de mau gosto. No entanto, se a massa ficar em silêncio certamente os urubus aprovarão a privatização do nosso litoral. E sabem por quê? Porque a praia é o espaço mais democrático do Brasil e do mundo. Como eles são antidemocráticos, é natural que queiram vender um bem de uso coletivo para beneficiar meia dúzia de parceiros endinheirados, entre os quais Neymar pai e Neymar filho. Boa parte ligada à bancada dos evangélicos – sempre eles – os “parças” não se envergonham de repetir amém mesmo diante de falsos deuses da política. Tudo em nome das vantagens pessoais.
Não à toa, a proposição é relatada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Obviamente que ele nega, mas, na prática, a PEC é somente um novo ataque do esquadrão bolsonarista à democracia. Pior do que isso, ela abre o que ainda resta de porteira da União para a boiada descontrolada da especulação imobiliária. É o caso do queridinho Neymar. Associado a uma incorporadora, ele sonha com o “Caribe brasileiro”, empreendimento que vai ocupar 100 km da costa entre os litorais Sul de Pernambuco e Norte de Alagoas para construção de imóveis de alto padrão à beira-mar. Contra isso os bolsonaristas não gritam. É a prova de que os piores cegos são aqueles que não querem enxergar o óbvio.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978