Marcelo Guedes
O mundialmente reconhecido desfile de escolas de samba do Rio de Janeiro pode ser considerado uma das principais manifestações artísticas e culturais no Brasil. Por sua grandiosidade, beleza e singularidade, é chamado por muitos de “o maior espetáculo da terra”. Uma manifestação quase centenária que reunia poucos sambistas ao redor de um pequeno cordão de isolamento envolve atualmente quase quatro mil componentes e um orçamento que pode ultrapassar R$ 10 milhões para um desfile que dura apenas cerca de 70 minutos.
Hoje, os desfiles das escolas de samba movimentam milhões de reais para a indústria do turismo da cidade do Rio de Janeiro, atraindo milhares de visitantes das mais diversas regiões do planeta. Trata-se de uma atividade essencial para uma cidade que assume sua vocação criativa.
São centenas de empregos diretos na Cidade do Samba, bem como o envolvimento de um leque cada vez maior de fornecedores externos: de escultores a profissionais de tecnologia, passando por bailarinos, coreógrafos etc. Além disso, trata-se de um evento essencial para o incremento orçamentário de diversos setores da cidade, tais como: bares e restaurantes, transportes, hotelaria, comércio varejista etc.
O grande desafio atual é profissionalizar as escolas de forma a conseguir colocar a cada ano um desfile milionário. O caminho é a profissionalização de cada agremiação. Mas antes de qualquer tipo de ação, seus dirigentes precisam identificar novas formas de captação de recursos. Novas modalidades de parcerias com empresas e governos devem buscar benefícios para ambas as partes não se restringindo apenas às atuais ações relacionadas com os 70 minutos de desfile. Para tal, o conceito de patrocínio nas escolas deve ser repensado não se restringido às atuais formas engessadas de exposição.
As escolas definitivamente devem aproveitar suas potencialidades. Suas áreas de marketing devem explorar os outros 364 dias do ano, pois o samba não se restringe à Sapucaí. Por isso mesmo, a popularização das escolas não deve ser deixada de lado. A força da marca depende não apenas de uma busca de patrocinadores a qualquer custo, mas também do engajamento de seus torcedores.
Caso as agremiações não se enquadrem nesse novo formato de captação de recursos, surge a eminente possibilidade de rebaixamento. Maior penalidade que uma escola de samba pode sofrer.
“Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar…”