Fraga usa um vídeo muito antigo em que Bolsonaro declara apoio a sua candidatura a deputado federal, como se fosse atual e referência ao GDF – é mentira; Ibaneis ostenta ser milionário e não paga nem seus cabos eleitorais, além de esconder a origem de sua riqueza – é caloteiro; Rosso diz que governou o Distrito Federal, mas ninguém viu o que ele fez, além de abandonar as cidades onde proliferaram o lixo e o mato nas ruas – é incompetente; Rollemberg tentou dizer em 45 dias o que fez nos quatro anos em que nada fez – é retardatário.
O Distrito Federal nunca foi alvo de uma manipulação eleitoral nas dimensões que estamos acompanhando. Muito menos de um pleito tão rico em nomes igualmente ricos em fortuna e acusações de práticas ilícitas e condenações.
Será um marco histórico e uma vergonha ao nosso sistema político, caso o quadro revele que assim caminha a nossa democracia e que o Distrito Federal está exposto a possíveis governadores que já anunciaram que vão dar o calote nas promessas feitas.
Está na hora de examinar o perfil do eleitor com maior profundidade também. Há um flagrante delito nas campanhas que lideram as pesquisas. Pesquisas e seus institutos que devem ser muito bem investigados.
Ibaneis Rocha, o mesmo que mijou nas calças em debate, tem financiado generosamente atores da eleição – pessoas e empresas – para gozar da liderança que é irresponsavelmente divulgada. Nem sempre paga, conforme protestos de seus funcionários. Ele anda na companhia de Filippelli, que já foi preso e poderá ser condenado.
Fraga entrou em desespero, agora sem qualquer chance de chegar a um segundo turno, divulga a falsa informação de que Bolsonaro o apoia para o GDF, por meio de um vídeo em que ele ainda era pré-candidato a deputado federal. Produziu e veiculou gratuitamente nas emissoras de TV a maior fake desse período de estelionato eleitoral gratuito que, para a felicidade das famílias, acabou.
O desespero vem do fato de que ele poderá ser, a partir de domingo, um cidadão comum, que já está condenado em primeira instância.
As acusações são comuns entre eles. Eliana Pedrosa não escapou dos algozes por ter sido citada em investigação no Rio de Janeiro. Mas a Justiça reconheceu seu erro e deu a mão à palmatória. Neste caso ela é inocente. Menos mal. Rosso não recebeu algemas, mas seu nome foi fraternalmente citado na Operação Lava Jato.
Então, poucos nomes restam na lista com biografias limpas e propostas sem tutores de negociatas: General Paulo Chagas, Fatima Sousa e Alexandre Guerra. O problema é que esses candidatos não ostentam fortunas nem prometem o impossível. Receita que agrada muito aos entrevistados do Ibope e Datafolha.
Paulo Chagas que tem de fato o apoio incondicional de Bolsonaro, consegue um pouco mais de visibilidade e capacidade de convocar multidões: liderou a maior carreata da história do Distrito Federal com 25 mil veículos, segundo a Polícia Militar. Mas, a exposição nos veículos abertos de TV, não deram a mesma proporção ao divulgar o evento.
Chagas e Alexandre, por exemplo, foram barrados no baile das mentiras: os debates nas mesmas emissoras de TV que teriam a prerrogativa de convidá-los, caso não houvesse outros interesses pouco identificados até agora.
Miragaya, o estatístico que passou a odiar estatísticas (ele é quase traço nas pesquisas), é o último dos petistas a tentar o trágico espólio de Cristovam Buarque e Agnelo Queiroz. Está fora de avaliações em função do quase desaparecimento de seu partido no Distrito Federal. Seu desejo, segundo informantes próximos, é garantir emprego em um possível governo de Ibaneis.
Para os três candidatos que nunca foram presos, investigados, jamais receberam recursos ilícitos, sem tempo de TV e rádio, só resta mesmo o desejo de que esse período eleitoral gratuito acabe de vez. Para eles, a única diferença será não mais ver e ouvir o estelionato promovido pelos líderes nas pesquisas. Mentiras pagas e divulgadas com o nosso dinheiro.
Nelson Rodrigues diria que essas eleições no DF são a maior suruba de todos os folhetins.