Nas últimas semanas de maio, o espetáculo solo de dança Floreio apresentou o mito da Sereia Luzia para mulheres do Instituto Inclusão de Desenvolvimento e Promoção Social, em Ceilândia, e para pacientes da Rede Sarah de Hospitais, em Brasília. A ação, que é parte do projeto Sereia Luzia da Estrela Molhada, fomentado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), contou com a parceria do Instituto Rosa dos Ventos. O objetivo foi proporcionar ao público, de maneira segura, um momento lúdico, de entretenimento e de lazer, por meio da arte genuinamente candanga.
O trabalho criado por Junia Cascaes e dirigido por José Regino bebe das águas da cultura popular brasileira para contar como Luzia, uma lavadeira da beira do rio, se transforma em sereia e passa a lavar os sentimentos das pessoas. A escolha do Instituto de Inclusão e do hospital para a transmissão do espetáculo atende a um quesito importante do projeto: acessibilidade cultural.
“Além de adaptar o espetáculo, que originalmente seria presencial, para o formato virtual, devido a pandemia, pensamos em como torná-lo mais acessível e alcançar grupos e pessoas que teriam maior dificuldade em assistir. Optamos em levar a apresentação ao Sarah por ser um hospital que valoriza e compreende a arte como parte fundamental da cura. A escolha do Instituto de Inclusão, voltado para o atendimento às mulheres, se deu pela relação do projeto com o feminino. No mito, a Sereia Luzia vem curar e acolher traumas, traçando uma relação direta com o público de mulheres em vulnerabilidade social e pacientes”, aponta Junia.
Stéffanie Oliveira, presidente da Rosa dos Ventos, comenta sobre o impacto positivo da ação: “levar o Floreio, espetáculo que tem uma relação tão profunda com o feminino para uma instituição que atende mulheres é muito significativo. Proporcionamos a elas uma tarde com direito à pipoca, refrigerante, doces e, principalmente, um contato potente com a nossa cultura popular”.
Segundo o Instituto de Inclusão, 25 mulheres participaram da ação e assistiram ao espetáculo virtual, no último domingo, 27/05. Após a exibição de Floreio, uma roda de conversa mediada pela educadora popular Jacqueline Chaves levantou questionamentos acerca dos sentimentos e entendimentos que a filmagem despertou, além de provocar reflexões sobre o dia a dia da mulher e da cultura popular.
De acordo com Hospital Sarah Brasília, em 20/05, as apresentações aconteceram em duas etapas e para diversos grupos envolvendo cerca de 44 pessoas entre pacientes, acompanhantes e profissionais da equipe. Nas ocasiões os espetáculos foram transmitidos por um telão e também de forma individualizada, utilizando diferentes dispositivos móveis e mantendo assim o distanciamento social necessário.