Bartô Granja
A ‘intervenção branca’ do Ministério Público na 5ª Delegacia de Polícia do Plano Piloto, provocou reações imediatas dos policiais civis de Brasília. O sindicato que congrega a categoria responsabiliza o governador Rodrigo Rollemberg pela situação caótica em que se encontra a área de segurança, e acena com uma greve a partir do dia 9.
A 5ª DP, uma das mais importantes da capital da República, preparada para registrar flagrantes, teve seu delegado titular Marco Antônio de Almeida afastado na terça, 31. Para substituí-lo foi nomeado o também delegado Henrique Rezende de Oliveira. O que chocou a categoria, porém, foi a entrada do Ministério Público naquela unidade, “supervisionada” desde já por uma promotora do Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial.
Para os policiais civis, não se pode atribuir ‘incompetência’ e ‘corpo mole’ ao delegado Marco Antônio e sua equipe, porque há uma defasagem acentuada de pessoal na Polícia Civil. Cálculos do Sinpol indicam que Brasília precisa de um efetivo de 8 mil policiais, contra os 4 mil que estão em serviço. Na própria delegacia sob ‘intervenção branca’ do Ministério Público, o quadro prevê 120 agentes, embora só conte com pouco mais de 50.
Se, segundo análise de policiais, o critério para que o Ministério Púbico interfira na ação da Polícia Civil for a morosidade com determinados processos investigativos, a maioria de delegacias de Brasília deve se preparar e reservar uma cadeira para promotores. “A falta de condições de trabalho é uma aberração. Não podemos e não aceitamos ser responsabilizados por uma crise que vem do Palácio do Buriti”, desabafou um representante da categoria.
Defesa – O delegado Marco Antônio reagiu à acusação de fazer ‘corpo mole’. Em texto divulgado nas redes sociais, ele diz que, como os demais policiais, é “escravo dos inquéritos” e obrigado a trabalhar “aos sábados, domingos e feriados, e mesmo assim não temos conseguido dar cabo de tanta conflituosidade latente na sociedade”.
– Acrescento também que, para muitos, a atividade policial pode ser encarada como uma função nobilante, exercida por pessoas que trabalham pouco e ganham muito, de quem a sociedade espera, sempre, que solucione os problemas de forma célere. Claro que todos nós nos esforçamos para fazê-lo, todavia, como seres humanos que somos, estamos sujeitos a falhas, enfatiza o delegado.
No mesmo texto, Marco Antônio observa, porém, que “a busca por soluções, infelizmente, não está apenas em nossas mãos, mas também nas de todos aqueles protagonistas que decidem acerca da aplicação dos recursos necessários para que os executores possam realizar uma investigação completa e célere”, e finaliza com a promessa de responsabilizar criminalmente os responsáveis pela informação (no caso, fontes do Ministério Público).
Repulsa e greve – O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Brasília, Rodrigo Fernandes Gaúcho Franco, decidiu convocar uma assembléia-geral da categoria para debater os problemas que afligem a Polícia Civil e a segurança pública como um todo. A reunião, com indicativo de greve, está marcada para o dia 9, na Praça do Buriti.
Para Notibras, Gaúcho prestou declarações gravadas em áudio, que podem ser ouvidas nos links a seguir: