Do tipo bacalhau de porta de venda, o pastor Silas Malafaia (sempre ele) tenta mais um tiro a esmo na democracia brasileira. Esquizofrênica e alucinadamente, o líder evangélico e mercador da fé marcou para o próximo fim de semana, dia 7 de setembro, na Avenida Paulista, um ato pró-impeachment do ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Não me interessa quantas autoridades, juristas, pelegos ou bajuladores já confirmaram presença, tampouco o quantitativo de “patriotas” desconectados com a realidade novamente se enrolarão na Bandeira Nacional. Importante é adiantar para os eunucos do bolsonarismo que a tentativa será tão inócua como as demais já convocadas pelo guardião do dinheiro dos incautos.
Mais do que isso. Trata-se de um novo velho “desfile” do bloco carnavalesco O que será de nós amanhã. Antes da concentração, é bom que os comedores daquilo na colher saibam que para toda ação há sempre uma reação. Como há bobo para tudo, a manifestação arrecadadora até pode lotar uma das principais vias de São Paulo. No entanto, se a ideia é emparedar Xandão, que aguardem a lei do retorno. A proposta de emparedamento pode sofrer um revés e mudar de lado bem antes do que esperam os fiadores do golpismo e da barbárie.
Didaticamente, é relevante que todos tenham à mão a informação de que uma decisão a respeito da cassação da liberdade do chefe simbólico de Malafaia só está dependendo de uma frase do procurador-geral da República, Paulo Gonet. A partir daí, nem o papa Francisco ou seu discípulo Javier Milei mudarão o que está escrito há pelo menos um ano e meio. Ou seja, é somente uma questão de tempo. Também vale registrar que quem mexe com fogo costuma amanhecer mijado. Na prática, como vento que venta cá, venta lá, basta um pedido legal de apressamento do xerifão para que tudo vá pelos ares.
Melhor dizendo, que todos sigam para as celas escuras e grampeadas da Papuda, de Catanduvas, Mossoró, Porto Velho e Campo Grande (MS). Bangu de 1 a 8 é uma ótima opção, pois fica bem próximo do habitat natural de seu futuro “famoso” inquilino. Conforme suas prerrogativas de autoridade expurgada, tudo a gosto do ocupante número 17. Ou seria 22? Lá talvez seja o 171. Não é demais lembrar que, ao contrário do objeto da fanfarra política, Silas Malafaia nada tem a perder. Pelo menos por enquanto.
Para o “desfile” maligno de 7 de setembro são esperados discursos “contundentes” do senador Magno Malta (PL-ES) e dos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO), todos do tipo maria vai com as outras como qualquer bolsonarista sem personalidade e com vários tons de cinza. Os que ainda não precisam de psiquiatra deverão ficar longe do picadeiro armado pelo divino Silas Malafaia. Aliás, se depender somente das orações do pastor e dos puxa-sacos do mito sem voz, a manifestação dos crentes que abafam corre o riso de ter menos de um terço da segunda edição da Marcha para Exu, realizada há três semanas na mesma Avenida Paulista. Aguardemos a força dos santos de lá e dos de cá.
Deus e Alexandre de Moraes estão de olho na turba que defende a prisão de quem se opõe a Jair Messias. Os olhos são gigantescos e nem piscam quando o alvo é o herege Silas Malafaia, cujo desequilíbrio mental gera desconfiança até no submundo policialesco. Em suas pregações mercantilistas, o mercador da palavra de Deus bem que poderia ser mais claro. Por exemplo, deveria dizer que a pressão sobre o ministro tem por objetivo obrigá-lo a diminuir a quantidade de decisões judiciais contra a oposição. Leia-se Bolsonaro. Com certeza será mais um fiasco como foram todas as tentativas conhecidas. Até hoje, os compadres “patriotas” só produziram pizzas e muito chá amargo para os integrantes do grupo.