Se o acordo de Lula com o Centrão caminha para pacificar a vida do governo no Congresso, também transferiu o clima de belicosidade para dentro da Esplanada. A reforma ministerial deve trazer definitivamente os aliados de Arthur Lira para a base governista e a ordem do Planalto é clara: o PT terá que entregar alguns cargos.
O acordo também tirou da fogueira o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, criticado pelas falhas na articulação política, e agora responsável pela distribuição de cargos. Nas palavras dele, tirando a Saúde, todos os outros cargos estão à disposição do Centrão.
Na verdade, a lista de ministérios inegociáveis é maior e inclui o Desenvolvimento Social, Casa Civil, Secretaria Geral, a pasta do próprio Padilha, Secretaria de Comunicação Social, Fazenda, Planejamento, Gestão e Inovação, Educação e Justiça.
E mesmo algumas outras áreas permanecendo com o PT, não se descarta uma dança pontual de cadeiras. Em compensação, para garantir as próprias cadeiras, os ministros petistas estão empurrando os colegas para o fogo.
No começo da lista, estão os partidos menores da base governistas, PSB e PCdoB, que podem perder, respectivamente, Porto e Aeroportos e Ciência e Tecnologia. Depois, os ministros que não são filiados, incluindo o simpático Silvio Almeida.
Uma preocupação, fora da Esplanada, é que a reforma reduza a participação feminina nos ministérios e há movimentos para salvar a Secretária de Mulheres Cida Gonçalves, mas é bastante improvável que sustentem a presidente da Caixa Econômica Rita Serrano e a ministra dos Esportes Ana Moser. Fato é que a decisão final cabe a Lula e a reforma está na ordem do dia da pauta doméstica.