Três Irmãs
Acordo livra cara da Odebrecht, Gutierrez e Camargo Corrêa
Publicado
emMarta Nobre, Edição
O Tribunal de Contas da União (TCU) pretende livrar empreiteiras que colaboraram com as investigações da Lava Jato de punições em julgamento previsto para amanhã. Um acordo costurado por procuradores da força-tarefa da operação em Curitiba com ministros da corte prevê a suspensão da pena de inidoneidade para Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.
Essas construtoras são conhecidas no mercado como as ‘Três Irmãs’, e agiriam, supõe-se, baseada no corporativismo., permitindo que elas continuem firmando contratos com o governo federal.
O benefício será concedido às empresas no processo que avalia conluio e fraude a licitações na montagem eletromecânica da usina de Angra 3, que já consumiu R$ 7,1 bilhões. O acordo ainda prevê que as empreiteiras serão isentadas de multa superior a R$ 400 milhões e pagamento de juros, referentes a prejuízos causados à Eletronuclear.
O acordo vinha sendo negociado pela Lava Jato com o TCU desde o ano passado. Os benefícios serão concedidos às três empresas porque elas firmaram acordos de leniência – espécie de delação de pessoas jurídicas. Os procuradores temiam que o tribunal desestimulasse colaborações se aplicasse as mesmas penalidades a quem confessou ilícitos e a quem não confessou.
Os benefícios foram discutidos pelo ministro do TCU Bruno Dantas, relator do processo de Angra 3, com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. O ministro deve acertar os detalhes de seu voto com outros integrantes da corte. A decisão final dependerá do apoio da maioria do plenário.
O acordo prevê que, seguindo parecer da área técnica da corte, seis envolvidas nas fraudes nas obras da usina serão declaradas inidôneas por até cinco anos. No caso da Camargo Corrêa, a proposta é de que a sanção dure até um ano e oito meses, pois a empresa entregou provas no esquema.
Contrapartidas – Nos termos negociados, a aplicação da penalidade será suspensa para as três empreiteiras, inicialmente por 60 dias. O benefício será mantido se elas assinarem termos aditivos aos acordos de leniência, comprometendo-se a oferecer contrapartidas: terão de colaborar com documentos e informações nas auditorias do TCU, abrir mão de recorrer de condenações referentes ao caso e recolher o valor do dano ao erário.
Para as demais implicadas – UTC, Queiroz Galvão, Empresa Brasileira de Engenharia e Techint Engenharia -, será aplicada a inidoneidade. O TCU poderá estender os benefícios a elas se firmarem acordos futuros na Lava Jato.