Luísa Martins
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o professor Adlène Hicheur, condenado por planejar atentados terroristas na França, deveria ter tido sua entrada no Brasil bloqueada em 2013, quando chegou ao País para ser professor de Física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Não temos qualquer interesse nesse tipo de perfil”, disse o ministro sobre o caso revelado sexta-feira pela revista Época.
Mercadante afirmou que sabia do caso há pelo menos três meses, quando ainda era ministro da Casa Civil. A Polícia Federal teria feito contato com a pasta e com o Ministério da Educação para solicitar informações sobre o argelino de 39 anos, naturalizado francês, que entre 2013 e 2014 recebeu R$ 56 mil como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e hoje tem salário de R$ 11 mil na universidade.
Sua especialidade é a física das partículas elementares, assunto que pesquisou quando fazia parte da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (Cern), na Suíça.
“O currículo acadêmico preenche todas as exigências. É um pesquisador altamente qualificado, com produção científica intensa. O problema não é se ele é professor, engenheiro ou estudante. Quando foi ter acesso ao visto de entrada, a pesquisa sobre a vida dele tinha de ter sido feita. Se tivesse indício de que houvesse, como no caso, condenação por práticas terroristas, sua entrada deveria ter sido bloqueada”, disse.
Fórum – Em 2009, a inteligência francesa descobriu a participação de Hicheur em um fórum online utilizado por jihadistas, onde trocou mensagens com um membro da Al-Qaeda, indicando estar disposto a “trabalhar no seio da casa do inimigo central e esvaziar o sangue de suas forças”. Hicheur foi preso e condenado a 5 anos de prisão. Solto, tentou voltar à Cern, mas foi barrado pela polícia suíça e impedido, pela Justiça, de ficar naquele país até 2018.
Não houve, segundo Mercadante, nenhum contato do reitor da UFRJ com o MEC. O ministro afirmou que o caso, agora, compete à Polícia Federal, ao Ministério da Justiça e à Advocacia-Geral da União (AGU). A assessoria de imprensa da Justiça afirmou que “um suposto caso de deportação é um processo administrado pela PF”. Polícia e AGU não se manifestaram sobre o caso até o fechamento dessa reportagem.