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Adolescente que pensa como gente grande não cai em conversa de grupinhos

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A entrada em um grupo é um acontecimento inevitável durante a adolescência. Na puberdade, o jovem não se contenta mais em ter apenas os pais como referência e busca, fora de casa, quem o ajude a se firmar como alguém que não é mais criança, mas ainda não chegou à fase adulta. O problema é que, por medo do isolamento, muitos jovens adotam comportamentos sem questioná-los.

“O grupo oferecerá ao adolescente outra forma de convivência e a possibilidade de compartilhar os mesmos problemas, com a mesma linguagem. O coletivo gera bem-estar psíquico e estimula o desenvolvimento afetivo e social do adolescente”, declara o psicólogo Marcelo Quirino, que atua no Centro de Referência e Tratamento da Criança e Adolescente, no Rio de Janeiro.

É muito comum encontrar turmas de adolescentes que se vestem e falam de forma parecida, pois, para se sentir aceito e seguro naquele ambiente, todos incorporam hábitos e ideias comuns. “O adolescente ainda não sabe quem ele é, mas precisa sentir que pertence a um grupo”, afirma a psicóloga Elisa Villela, doutora em desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo).

De acordo com a especialista, o grau de influência que os colegas terão sobre uma pessoa depende dos valores que foram transmitidos a ela durante a infância. E é nesse ponto que os pais devem prestar atenção.

“Na adolescência, a personalidade está sendo sedimentada, mas a base da autoconfiança já existe. Se a criança cresceu muito dependente dos pais, pode ser que chegue à puberdade sem força suficiente para contrariar as ideias do grupo”, fala Elisa.

Por essa razão, a terapeuta familiar Quézia Bombonatto, diretora da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia), defende que a autoestima de um adolescente deve ser desenvolvida anos antes. “Para crescer segura, a criança tem de perceber que é ouvida pelos pais, ter espaço para expor ideias e ser reconhecida por isso. Quando ela se sente valorizada na família, também se sentirá no ambiente social”, diz.

Para orientar, é preciso se aproximar
Pais podem aprender sobre o universo adolescente ao observar de perto as amizades do filho. “Não é querer ser parte da turma, mas estar próximo”, diz Elisa. O objetivo é perceber quais ideias e valores o grupo tem e, a partir disso, discutir temas e incentivar as boas práticas. Para isso, vale marcar reuniões da galera em casa ou se oferecer para levar ou buscar em uma festa.

Assuntos espinhosos como uso de drogas, consumo de bebidas alcoólicas e iniciação sexual devem ser dialogados corretamente. “Muitos pais dizem que conversam com os filhos, mas, na verdade, apenas passam informações e ameaças. Uma conversa exige que um ouça o outro com respeito. Tem de haver orientações, colheita de sugestões e pensamento coletivo sobre um problema”, afirma Quirino.

Pode ser mais fácil abordar os temas de maneira indireta. “Durante um jantar, por exemplo, você comenta, sem julgar: ‘Você viu aquela menina que engravidou com 15 anos? Como será que vai ser a vida dela?’ Então, fala sobre a importância de se cuidar e se prevenir das doenças sexualmente transmissíveis”, fala Elisa.

Ao saber o que se passa no grupo de amigos, o pai também tem a chance de dizer ao filho por que não gosta de uma atitude ou a considera inadequada. Dessa forma, o adolescente aprende a questionar os posicionamentos do próprio grupo em relação a esses e outros temas.

Se for o caso, o adulto também poderá intervir diante de alguma atitude coletiva contrária aos valores da família. “Não é porque todos os amigos saem e voltam para casa às cinco da manhã que você vai deixar também”, afirma Quézia.

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