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‘Advocacia precisa romper elo que liga OAB a capitania hereditária’

A gestão da OAB-DF que busca perpetuar-se no poder por 12, ou até mesmo 15 anos, levanta sérias preocupações sobre o comprometimento com os princípios democráticos que deveriam nortear qualquer instituição de relevância social. A tentativa de manter o controle sobre uma entidade por um período tão extenso, sem a devida alternância, é, em essência, uma ditadura disfarçada, que mina a renovação necessária para o fortalecimento da advocacia e a defesa dos interesses da classe.

A alternância e a renovação são pilares fundamentais da democracia, não apenas no âmbito político, mas em todas as esferas onde o poder é exercido. Elas garantem que novas ideias, perspectivas e lideranças possam emergir, refletindo as necessidades e anseios de uma classe em constante evolução. Quando um grupo se perpetua no poder, corre-se o risco de estagnação, favorecimento de interesses pessoais e descolamento da realidade vivida pelos advogados.

A advocacia é, por natureza, uma profissão que exige coragem para questionar, para lutar por justiça e para garantir que todos tenham voz. Quando a própria instituição que deveria ser a guardiã desses valores se afasta dos princípios democráticos, permitindo a concentração de poder, ela trai a confiança de seus membros e coloca em risco a legitimidade de sua atuação.

Portanto, é imperativo que a OAB-DF rejeite qualquer movimento de perpetuação no poder. Somente por meio da alternância, da transparência e da renovação contínua é que poderemos assegurar uma gestão comprometida com os verdadeiros interesses da advocacia e da sociedade. A democracia não pode ser apenas um discurso; ela deve ser vivida e praticada diariamente, sobretudo em instituições que se propõem a defendê-la.

*Advogado, com atuação nos mais diferentes campos do Direito

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