Julia Lindner
O presidente afastado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), quer manter uma indefinição sobre o comando do partido até a votação, na Câmara, da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. O intuito é evitar que o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), assuma o cargo definitivamente e ganhe mais força para defender o desembarque do governo antes do pleito.
Na terça-feira, 4, quando retomou o mandato parlamentar após ficar mais de 45 dias afastado do cargo, Aécio foi pressionado por Tasso e seus aliados a tomar uma decisão sobre o assunto ainda esta semana. O presidente interino chegou a tentar conversar com Aécio ontem, mas disse que os dois “se desencontraram” e que isto deve ficar para a próxima segunda-feira, 10. Tasso defende que haja uma “solução definitiva” sobre a questão antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18 de julho.
“A expectativa é de que quem define (sobre presidência) é ele (Aécio). O gesto unilateral é dele, se ele quiser continuar a decisão é dele, o importante é não ficar nessa indefinição”, reforçou. Tasso avaliou ainda que Aécio é “um líder inconteste e histórico”, mas passa por uma crise. “Quem vai definir o tamanho dessa crise é ele mesmo e mais ninguém”, afirmou o tucano, destacando que dezenas de senadores também são investigados na Justiça atualmente e que “todos os mandatos são iguais”.
O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), disse que Aécio “é o presidente de direito e de fato” do PSDB. “O pedido de licença foi dele e ele pode voltar e assumir a presidência quando quiser, a qualquer momento. Ele decidiu não voltar e isso é uma questão de foro íntimo. Nessa circunstância, alguém discutir sobre presidência é fazer discurso para o vento, porque não há razão de falar de substituição, porque Tasso está cumprindo bem o papel e Aécio não manifestou com desejo de voltar, por ora”, afirmou.