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Literatura nórdica

Aegir, o deus que fechava as portas para o ego

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Autor/Imagem:
Hellen Reis Mourão - Foto Reprodução das Redes Sociis

Aegir era conhecido como “Aquele que Preparava o Hidromel”. Em nórdico antigo, o seu nome significa “mar”; ele é o deus dos mares e oceanos. Algumas interpretações indicam-no como um deus Vanir do panteão nórdico, outras como um gigante.

Seu salão era no fundo do mar, era casado com a giganta Ran e pai das nove “Donzelas das Ondas”. Ele controlava os ventos e as ondas e representava o poder do oceano, que tanto podia beneficiar quanto prejudicar os seres humanos. O oceano é um grande doador de vida, mas também um grande cemitério.

O oceano é um dos territórios da Grande Mãe, um grande útero, simbolizando que Aegir é um deus matriarcal. Representando a vida e o lado devorador da natureza.

Inúmeros poemas escandinavos lamentam a perda de vidas humanas devoradas pelas “mandíbulas de Aegir”, como era designado antigamente o mar. Os piratas saxões sacrificavam um décimo de seus prisioneiros atirando-os ao mar, para fazerem um “agrado” a Aegir e serem protegidos das tempestades e dos naufrágios.

Os escandinavos tinham no sacrifício aos deuses algo muito especial, eles acreditavam ser uma honra serem sacrificados aos deuses por algo maior. Uma visão bem contrária à nossa atual.

Aegir costuma ser descrito como um velho de barba branca, olhos penetrantes e sorriso benevolente. Seus dedos têm formas de garras, mostrando o aspecto devorador e arrebatador do oceano.

Ele surgia para anunciar os naufrágios e tempestades e usava uma rede para recolher os afogados, que eram recebidos por ele com grande hospitalidade e regados a hidromel, desde que tivessem nos bolsos pepitas ou moedas de ouro.

Esse aspecto do deus mostra uma visão benéfica da morte que os escandinavos tinham. O ato de dar moedas de ouro para ser bem recebido no mundo dos mortos é comum em outras mitologias. Na mitologia grega, para passar pelo cão cérbero e assim poder entrar no Hades.

O deus também tinha um grande caldeirão onde preparava o Hidromel, bebida favorita dos deuses.

O caldeirão é um objeto mágico onde a transformação acontece, a alquimia. Portanto Aegir representa a transmutação que acontece em nosso inconsciente (o mar), que pode ser construtiva ou destrutiva para a consciência do ego. Aegir representa a força arcaica do inconsciente: criativa, mas destrutiva também.

Como imagem arquetípica, Aegir se assemelha a Poseidon e Netuno, mas com muito mais nuances. Aegir é a própria transmutação do inconsciente, ele representa a alquimia pura, onde o ego não pode alcançar. A bebida sagrada preparada por ele representa a bem-aventurança daqueles que ousam passar pelas águas do inconsciente e que também valorizam esse trabalho (moedas de ouro).

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