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Caldos

Afinal, a comida que você faz com seus temperos é mesmo caseira?

Publicado

Autor/Imagem:
Juliana Carreiro

Quando penso em um caldo de legumes, logo me vem à cabeça uma comida fresca, feita com ingredientes naturais, cheia de sabor e de nutrientes. Porém, infelizmente, entre os brasileiros o caldo de legumes mais utilizado nas preparações caseiras e também nos restaurantes é aquele vendido em forma de cubinho, com uma proporção alta de sódio e aditivos químicos. Boa parte dessa nova geração de cozinheiros, com seus 30 e poucos anos, já cresceu vendo suas mães cozinharem com esses caldos prontos todos os dias e utilizando também os temperos, igualmente nocivos à saúde.

Nos supermercados, as prateleiras que os abrigam estão cada dia mais coloridas e chamativas e tem para todos os gostos, temperos para carne, frango, peixe, feijão, legumes, batata, arroz, massas e frutos do mar, só para citar alguns sabores. O preço é baixo e com ele você leva também a promessa de praticidade. Uma oferta quase irresistível. Na embalagem está escrito ‘zero gordura’, melhor ainda.

Dificilmente a sua utilização diária é associada ao aumento de peso, que costuma ser mais relacionado com o consumo de pães, doces, gordura animal e fast food, por exemplo. Na publicidade, há décadas ouço que quem cozinha com eles, cozinha com amor. E para aqueles que cresceram com esses pozinhos mágicos dentro de casa, é quase uma tarefa impossível enxergar os seus efeitos nocivos. Já ouvi de muitas pessoas: não consigo cozinhar sem esse tempero, coloco em tudo.

Boa parte dessa ‘dependência’ se deve a esses fatores que eu elenquei, mas não se resume a eles, trata-se ainda da construção de um novo paladar, menos sensível aos sabores mais sutis, como os dos alimentos naturais. É como se houvesse uma camada extra na língua, que a deixa quase anestesiada, isso é um dos efeitos do consumo frequente do realçador de sabor mais utilizado pela nossa indústria, o glutamato monossódico.

Presente em todos os caldos, molhos e temperos prontos, esse aditivo químico, quando consumido com frequência, aumenta a produção de insulina pelo pâncreas, que pode levar à crises de hipoglicemia e, com o passar do tempo, esse aumento pode causar uma resistência à insulina, que pode desencadear doenças como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e alteração do colesterol e do triglicérides. E pode ainda causar uma excitação nas células nervosas, que pode se refletir em enxaquecas, dificuldade de concentração e irritabilidade, entre tantos outros sintomas negativos.

Se você estiver disposto a diminuir o consumo desses ultraprocessados, como é recomendado pelo Guia Alimentar Para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, pode começar comprando cebola e alho. Se o seu objetivo é praticidade, já é possível comprá-los picados, mas atenção, opte pelos que não tenham nenhum outro tempero. Eu te garanto que em poucos minutos você faz um refogado saboroso com essa dupla e um pouco de sal. Sim, o sal que colocamos no refogado tem uma proporção muito pequena, frente ao que é consumido por meio dos ultraprocessados, deste tipo que você está tentando descartar, portanto, não se preocupe se usar um pouco de sal para fazer seus temperos naturais.

O segundo passo é investir em um pequeno leque de especiarias, vendidas a granel ou em saquinhos de supermercado mesmo, que irão durar muito e variar bastante os sabores que sairão das suas panelas, como curry, cúrcuma, páprica doce ou picante, cominho, pimenta do reino, canela, cravo e nóz moscada, só para começar. Quando comecei a cozinhar, eu tinha um pouco de receio de utilizá-los, então, procurava na internet as melhores combinações e testava, não tinha outro jeito, ia colocando aos pouquinhos para não ter surpresa e tem dado certo até hoje. Além de não ter nada que prejudique a nossa saúde, eles ainda podem ser aliados dela, com seus poderes anti-inflamatório e antioxidante, por exemplo, como descrevi no post ‘Cúrcuma, canela, curry, páprica… conheça as especiarias que colaboram com a sua saúde e com o seu paladar’.

Para finalizar o seu ‘up grade culinário’, só faltam as ervas frescas, que podem vir da feira, do supermercado ou até de hortinhas caseiras, que pra mim são um luxo. Use e abuse do manjericão, do alecrim, do coentro, da salsinha, da sálvia, das folhas de louro, da hortelã, do tomilho e do orégano. Eles também irão aumentar muito o seu leque de possibilidades e ainda vão exercer funções digestivas, antioxidantes, calmantes etc. No post você encontra mais informações sobre os seus efeitos benéficos e dicas de como utilizá-las. No começo você pode até estranhar os pratos feitos sem os caldos e temperos prontos, mas faça o teste e veja que, aos poucos, seu paladar irá voltar ao normal e irá aceitar melhor os novos sabores. E os benefícios para a sua saúde irão aparecer a curto, médio ou longo prazo, assim como apareceriam as consequências nocivas dos seus hábitos antigos.

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