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Afinal, a TV Globo virou dilmista ou só aparou as penas que serviam para inflar o tucanato?

As oscilações no humor da Vênus Platinada estão sendo sentidas com força nos últimos dias. E o que se observa é uma ligeira queda pela presidente Dilma Rousseff, em detrimento do velho apoio emprestado às forças de oposição, em particular, dos tucanos do PSDB.

Na realidade, com a nova postura que vai ao ar, a Globo confunde petistas e oposicionistas, segundo opinião manifestada por Jeff Benício, em seu blog Sala de TV, incrustado no Terra. O blogueiro observa que antes identificada como pró-Aécio e antipetista, agora a emissora líder de audiência no país tem exibido matérias menos críticas ao governo Dilma e, na visão de alguns, até poupado o ex-presidente Lula.

Veja o que escreveu Jeff:

Na sexta-feira (28), o canal (a Globo) baixou as persianas que envolvem o estúdio de vidro de São Paulo para não mostrar nos telejornais da manhã o boneco inflável que representa Lula como presidiário, o ‘Pixuleco’, montado estrategicamente a poucos metros dali, na Ponte Estaiada.

O que poderia ser interpretado como proteção à imagem do líder do PT foi explicado em nota enviada à imprensa pelo canal. “Temos várias angulações para evitar que grupos tentem vazar algo durante a exibição do telejornal. Do contrário, o telejornal seria usado como meio de exibição de tudo: marcas comerciais, protestos, cartazes gigantes vendendo produtos”.

“A TV Globo não tem nenhum problema em mostrar protestos: o referido boneco já foi amplamente mostrado em nossos telejornais no dia 16, quando dos protestos contra o Governo Dilma.” O argumento é aceitável. Mas não foi bem deglutido pelos manifestantes antipetistas, que se sentiram censurados.

No sábado (29) foi a vez dos lulistas ficarem contrariados com a emissora. O Jornal Nacional deu amplo destaque à matéria de capa da nova edição da revista Época, pertencente ao Grupo Globo.

A reportagem denuncia alegada influência do ex-presidente na liberação de financiamento milionário do BNDES para o Porto de Mariel, em Cuba, construído pela Odebrecht, construtora investigada na Operação Lava Jato.

É perceptível a tentativa da Globo de equilibrar o noticiário político para evitar a acusação de falta de imparcialidade. A emissora parece ter sentido o impacto das manifestações contrárias à sua linha editoral.

Em quase todos os grandes protestos de rua nos últimos dois anos, o canal da família Marinho recebeu críticas por meio de cartazes e faixas com dizeres como ‘O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo’.

Equipes da emissora foram hostilizadas e alguns profissionais precisaram ser escoltados pela polícia para evitar possíveis agressões. Boa parte dos petistas acusou a Globo de fazer parte de uma suposta ‘mídia golpista’.

Sem assumir uma posição ideológica clara, o canal sinaliza a busca do equilíbrio para agradar gregos e troianos. O efeito, previsível, é que acaba irritando ambos — e continua sendo um alvo preferencial na mídia, neste momento de radicalismo político no país.
No domingo (30), no boletim de notícias das 14h, a GloboNews exibiu matéria da repórter Juliana Rosa gravada na Avenida Paulista.

A jornalista citou a presença do boneco ‘Pixuleco’, mas não tocou no nome do ex-presidente Lula, como se ele não fosse o personagem retratado pela alegoria.

A associação é óbvia dada a semelhança entre ambos. Porém ficou a impressão de que não citaram Lula intencionalmente, para poupá-lo do constrangimento do protesto.

Pouco depois, na edição das 15h do Jornal GloboNews, a apresentadora Leila Sterenberg interagiu com Juliana Rosa, que entrou ao vivo da Paulista.

As duas conversaram sobre a manifestação. Porém o nome de Lula não foi mencionado novamente. Nem mostraram a imagem do polêmico ‘Pixuleco’. Na tela, apenas os manifestantes antipetistas batendo boca com a polícia.

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