Gabriela Moll e Maryna Lacerda
A Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) reiniciou na manhã desta segunda-feira (24) a retomada de área pública do Parque Ecológico Ezechias Heringer, no Guará.
A maior parte das edificações que são foco da operação é formada por empresas que funcionavam no local, na região do Setor de Oficinas Sul.
Durante a ação de hoje, que durou cerca de quatro horas, os agentes retiraram de área irregular uma igreja e uma oficina. Foram utilizados três caminhões de entulho.
Houve resistência por parte dos moradores, e sete pessoas ficaram detidas por desobediência e desacato.
No início da retomada, o administrador regional do Guará, André Brandão Péres, tentou negociar com a população para que a desocupação ocorresse de forma pacífica.
No entanto, não houve acordo, e os habitantes tentaram impedir o cumprimento da ordem judicial. Paus e pedras foram arremessados contra a tropa da Polícia Militar, e um policial foi ferido.
Os envolvidos na confusão foram encaminhados à 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) para registro dos fatos.
Espécies endêmicas estão ameaçadas pela ocupação irregular – A desocupação, iniciada em 9 de janeiro deste ano, visa à proteção ambiental da Reserva Biológica (Rebio) do Guará e se estenderá pelo tempo que for necessário. Espécies endêmicas da fauna (que só ocorrem naqueles lugares), como o peixe pirá-brasília, e da flora, como as micro-orquídeas, estão sendo ameaçadas pela invasão do espaço.
Em 3 de julho, foram desocupadas 11 casas e desobstruídos 5.296.009,24 metros quadrados, de um total de 5.473.283 m². Após essa ação, a retirada das construções irregulares do local foi suspensa para que governo e ocupantes negociassem. Antes disso, os moradores haviam recusado qualquer benefício oferecido pelo governo.
Foram oferecidos, entre outros, aluguel social — 51 das 66 famílias presentes no local têm esse direito; e inserção em programa habitacional com atendimento garantido em até 180 dias.
O Edital nº 113, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal em 20 de julho, solicita a 58 núcleos familiares a entrega de documentos para o órgão em até 45 dias.
A norma estabelece ainda que outras seis famílias, que já estavam inscritas no cadastro geral da companhia, migrem para a fila de vulnerabilidade.