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Agnelo trai os amigos e articula renúncia para virar conselheiro

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O governador Agnelo Queiroz (PT) está articulando sua renúncia para meados de novembro. A ideia é ceder a cadeira ao vice Tadeu Filippelli para um mandato tampão de 45, no máximo 50 dias. Se a jogada der certo, com lances inspirados na cartilha de Maquiavel, Brasília assistirá ao maior golpe de toda a sua história.

O enredo não é só maquiavélico, como hollywoodiano. O roteiro, ressalvada a busca de resultados, talvez não se associe a Golpe de Mestre, filme protagonizado por Paul Newman e Robert Redford. Mas que se trata de uma brilhante rasteira na sociedade (e na classe política), não resta nenhuma dúvida.

O alvo do projeto arquitetado por Agnelo Queiroz é uma das sete cadeiras do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Um cargo vitalício, que confere ao ocupante inúmeras vantagens. Mas que fere, na eventualidade de a ideia vingar, o princípio da segregação de funções na administração pública.

É verdade que não existe na lei nada que regule esse princípio, de forma a vetar nomeações de autoridades para postos vitalícios. Porém, quando se trata do serviço público, a Constituição adverte governantes quanto a legalidade, impessoalidade e moralidade dos seus gestos.

Se levar seu plano adiante, Agnelo Queiroz estará confrontando o princípio da moralidade. E não vai separar sua condição de ex-governador com a de juiz dos seus atos. Porque, como conselheiro, caberá a ele, com outros seis colegas, julgar as próprias contas. Vai condenar a legalidade, matar a impessoalidade e enterrar a moralidade.

Isso porque, mesmo que se abstivesse de julgá-las por incontestável suspeição, ainda assim estaria presente seu evidente interesse pessoal na questão.

A descoberta desse novo lado maquiavélico de Agnelo Queiroz provocou duas baixas imediatas entre aqueles até então tidos como merecedores do respeito e da amizade do governador. São Cláudio Monteiro, que, para tocar a reeleição, desistiu de concorrer a uma vaga praticamente garantida na Câmara Legislativa; e o deputado Wasny de Roure, presidente daquela Casa.

Agnelo havia sinalizado aos dois que, reeleito, abraçaria as duas candidaturas para as vagas de Manoel Andrade e Domingos Lamoglia. O primeiro está se aposentando. E o segundo, prestes a ser afastado das funções que ocupa graças a uma manobra espúria do então governador José Roberto Arruda.

Mas há um outro personagem em cena que articula um nome diferente do de Agnelo Queiroz para uma das vagas. É o conselheiro Paulo Tadeu. Ele tem confidenciado a amigos próximos que alimenta cada vez mais o sonho de, em 2018, trocar o gabinete do Tribunal de Contas pela cadeira mais alta do Palácio do Buriti.

Paulo Tadeu colocou as cartas na mesa. Para se fortalecer dentro do PT, precisa recompor seu grupo na Câmara Legislativa, onde terá na próxima legislatura o irmão Ricardo Vale como fiel escudeiro. O próximo passo será trabalhar para fazer de Wasny de Roure conselheiro. Com isso, devolve o mandato a Cláudio Abrantes, primeiro suplente das hostes petistas e de cuja fidelidade ninguém duvida.

É aqui que entra a parte hollywoodiana do roteiro traçado por Agnelo Queiroz. Se aceitar assumir o resto do mal traçado caminho da aliança PT-PMDB, Tadeu Filippelli vai ter muitas falas, e o público, muito o que falar dele, como com certeza já falam do governador.

E Golpe de Mestre ganhará um novo cenário. Talvez o do Buriti não seja tão diferente quanto o de Hollywood, que assistiu a dois vigaristas passarem a rasteira no assessor de um mafioso, embolsando uma bolada. O problema é que o chefe da quadrilha decidiu se vingar. Daí a se repetir o conto do vigário, não vai muita distância.

José Seabra

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