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Avô e neta na praia

‘Ai que saudades que dá, de colocar o pé em Paquetá’

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Reprodução/Vamos Trilhar

A neta e o avô deixaram Brasília e um feriado prolongado e foram a Paquetá, uma pitoresca ilha na Cidade Maravilhosa. Ele, quando criança, morou ali por alguns anos e, talvez por isso, guardava no peito intenso sentimento nostálgico, muito mais comum naqueles com idades superiores aos da maioria de nós. A menina, toda animada com a estada naquele paraíso aos seus olhos infantis, queria correr para a praia, mas foi contida pela voz suave do velho: “Mais tarde a gente entra junto. Vamos almoçar primeiro”.

Comeram peixe frito com arroz, deliciosas batatinhas fritas, uma saladinha para rebater aquela comilança. Tudo muito gostoso!!! Tão delicioso, que os dois ficaram tristes de tanto comer e, deitados numa rede ali mesmo na sacada do hotel, adormeceram.

A neta acordou, olhou para o céu. Um céu muito azul, daqueles que quase nos obriga a ir para o mar. Ela cutucou a barriga do avô, que, com os olhos entreabertos, sorriu e abraçou a menina. A neta, não satisfeita com aquela reação, voltou a cutucar a pança do homem. “Vamos pra praia, vô! Você prometeu!” Ele não teve outra escolha e, então, ergueu o corpanzil, segurou a pequenina mão da garota e, por fim, a seguiu.

Já na areia, a neta puxava ainda mais forte a mão do avô, que resistia o quanto podia. “Vai lá na água. Amanhã eu entro com você”. Mesmo contrariada, a menina correu e se jogou no mar. Toda eufórica, corria pelo raso e espalhava a água sem qualquer cerimônia. O velho, sentado em uma cadeira logo ali sob a proteção de uma barraca, a tudo via e acenava, de vez em quando, para a neta. A tarde se foi, e os dois retornaram para o hotel, onde conversaram por horas, até que ela adormeceu sem mesmo se lembrar das últimas palavras do avô.

Os dias foram passando, a menina sempre implorava para que o avô entrasse no mar com ela. Todavia, dia após dia, ele sempre dava a mesma desculpa: “Amanhã eu entro com você”. Que nada, ele pregava o bumbum naquela cadeira sob a proteção da mesma barraca e ali ficava, enquanto a garota corria de um lado para outro, sempre espalhando aquela água salgada. E, quando o sol já estava se pondo, os dois voltavam de mãos dadas para o hotel, onde o velho contava histórias dos tempos de menino, enquanto a neta a tudo ouvia com muito interesse, até que não conseguia mais segurar o sono e adormecia.

Último dia em Paquetá! Novamente o sol amanheceu quase expulsando os dois da cama. Tomaram o café da manhã e rumaram para a praia. O avô estacou em frente à cadeira sob a barraca e, para a surpresa da neta, não se sentou. Retirou o chinelo, jogou a camisa sobre a cadeira, segurou a mão afoita da neta e foi em direção ao mar.

A menina não acreditava naquilo! Finalmente, o avô iria entrar no mar com ela. Ainda de mãos dadas, os dois puseram os pés naquela água gelada. “Que saudade do mar!”, disse o avô. Em seguida, voltou para a mesma cadeira sob a mesma barraca. A promessa estava cumprida!

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