Mariana Alves, Edição
A chegada e o crescimento de uma ou mais crianças demandam, além de adaptações pessoais de toda a família, espaços apropriados para receber o novo integrante da casa de forma confortável e apropriada à sua faixa etária. Para além das necessidades comuns, a forma como a criança vai explorar o mundo e compartilhar experiências começa pela configuração do próprio quarto onde ela passa grande parte do tempo, principalmente durante os primeiros anos de vida.
“Em fases iniciais, é importante que os pais tenham todos os elementos necessários para o cuidado do bebê com fácil alcance das mãos”, explica a arquiteta Ana Yoshida, que projetou o quarto da pequena Cecília assim que ela veio ao mundo. “Luzes de apoio, de preferência dimerizáveis, ao lado da poltrona de amamentação, item obrigatório em um quarto de bebê, facilitam a movimentação de uma mãe que deseja regular a intensidade de iluminação sem precisar se mexer muito”, discorre Ana.
No projeto em questão a arquiteta investiu também em um mobiliário adaptável ao crescimento da moradora. O trocador pode ser eliminado passada a fase das fraldas e, na mesma bancada, há um gaveteiro removível que abre espaço para uma cadeira e transforma o canto em escrivaninha. Por fim, em atenção ao pedido dos pais de não trocar o piso de cerâmica, Ana propôs um tapete para garantir conforto aos passos que, no futuro, serão dados no chão. “Pensamos, na composição do quarto, nas fases de sentar, andar e engatinhar”, explica.
Após o período inicial do desenvolvimento da criança, o foco de atenção para os elementos do quarto passa a ser a segurança na movimentação. Por isso, a arquiteta Daniele Okuhara, da doob Arquitetura, optou por arrendondar todas as quinas vivas do quarto, com inspiração na pedagogia montessoriana, projetado para abrigar Antônio, então com quatro anos.
“A essência do método Montessori é permitir que a criança seja livre para explorar”, define Daniele. “Por isso, tudo foi projetado com altura média de 1,20 metro: a estante de livros, a cama, a escrivaninha. Tudo ao alcance das mãos. As extremidades são arredondadas para evitar machucados em caso de queda”, conta a arquiteta, que abusou da folha de bambu no mobiliário.
A autonomia, que começa a desabrochar durante essa fase do desenvolvimento infantil, toma proporções maiores a partir dos dez anos de idade, momento em que a opinião da criança passa a ter influência direta sobre a configuração do quarto. “Nessa faixa etária, as crianças gostam de cores alegres, sugerindo um ambiente mais teen”, explica a arquiteta Patricia Martinez, responsável pelo projeto do quarto de irmãs gêmeas com essa idade. “Eles começam a também a receber amigos em casa, então, a pedida são quartos com bicamas. É importante que o ambiente tenha um espaço dedicado aos estudos, mas também à diversão”, define. “Os armários para organizar roupas e acessórios já se tornam importantes nessa faixa etária, por isso a marcenaria é uma forte aliada na constituição do ambiente. Há opções que todo mundo pode ter em casa”, pondera a arquiteta.