Corrida ao Planalto
Alckmin, Bolsonaro, Joaquim e Lula no mapa da sucessão
Publicado
emCláudio Coletti
As eleições gerais de 2018 já estão nos radares dos partidos e dos políticos. Em geral, consideram que essa disputa ocorrerá num cenário bem diferente dos pleitos realizados no passado recente. O eleitor hoje está mais bem informado, está cansado de tantas lambanças, da corrupção sem freios, está mesmo envergonhado daqueles que escolheu para ditar os rumos deste imenso Brasil.
O eleitor irá às urnas com mais cuidado, mais rigor para depositar seu voto nos candidatos à Presidência da República, governador, senador e deputados federal e estadual no caso de Brasília, distrital.
Certamente, os candidatos enredados em ações e delações premiadas produzidas pela Operação Lava-Jato terão imensas dificuldades para obter êxito nas urnas. Há o temor que milhares de eleitores não irão votar em protesto contra a classe política. Também há um movimento no sentido de incentivar o voto nulo ou em branco. A expectativa, portanto, é que haverá uma grande mudança nos quadros políticos, com o desaparecimento de figuras carimbadas e importantes dentro dos partidos.
Outro fato que contribuirá para esta mudança será a escassez de recursos para as campanhas eleitorais. Hoje, as empresas estão proibidas de fazer doações. Tramita na Câmara dos Deputados projeto de lei que disciplina as regras de doação a políticos e partidos. Para que a medida tenha validade, é preciso que seja votada no Congresso Nacional até 31 setembro, um ano antes do pleito de outubro de 2018.
Uma surpresa – Levando em conta esse cenário político, já começam a despontar possíveis candidatos ao Palácio do Planalto. Entre eles está Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, hoje aposentado.
Há cinco anos ele ganhou projeção nacional pela sua atuação destemida como relator do “processo do mensalão”, que culminou com a prisão de líderes expressivos do PT, entre eles o então todo poderoso José Dirceu.
Pela sua posição intransigente de combate a corrupção, Joaquim Barbosa passou a ser aclamado nos momentos em que aparecia em publico pelo país afora. Chegou inclusive a ser sondado para ser candidato presidencial nas eleições de 2014. Ele se aposentou precocemente, aos 59 anos, para cuidar da sua saúde. Assim, conseguiu se livrar das terríveis dores lombares que o atormentavam diariamente. Contornando suas dores, decidiu sair da toca, demostrando grande vontade de participar da corrida presidencial.
Um sinal de que Joaquim está vivo politicamente, é que está circulando e dando entrevista à imprensa, preferencialmente ao lado de lideranças da Rede Sustentabilidade, partido fundado e presidido por Marina Silva. Compareceu a uma das reuniões do Tribunal Superior Eleitoral que debatia a cassação da chapa Dilma-Temer. Foi muito aplaudido.
Aos jornalistas, declarou: “Há anos estou livre das amarras de cargos públicos, mas sou um observador atento da vida brasileira. A decisão de me candidatar ou não está na esfera de minha deliberação”.
O PSB é um dos partidos que está de olho na possível candidatura de Joaquim Barbosa. A Rede já vê como certa a chapa Joaquim Barbosa-Marina Silva.
Outros nomes – O PMDB, hoje o maior partido do Brasil, mais uma vez, caminha para não ter candidato à Presidência da República. Motivo: não dispõe em suas fileiras de um nome que possa empolgar. Todas as suas lideranças, inclusive o seu presidente Michel Temer, estão enroladas até o pescoço em ações da Lava-Jato.
Todos respondem a processos no Supremo Tribunal Federal ou na 13° Vara Criminal de Curitiba. Em 2018, os que disputarem a reeleição terão imensas dificuldades de serem bem sucedidos nas urnas. A tendência do PMDB é apoiar o candidato presidencial do PSDB.
O PT já lançou o ex-presidente Lula para participar da corrida presidencial. Mas terá sérias dificuldades pela frente. A qualquer momento, um dos juízes que cuida dos cinco processos nos quais Lula é réu, poderá condená-lo a vários anos de prisão. Se essa punição vier a ser referendada por um tribunal de Segunda Instância, a candidatura de Lula será inviabilizada. Uma decisão que certamente abrirá uma nova crise politica, com consequências imprevisíveis.
No PSDB o caminho presidencial ficou livre para o governador paulista Geraldo Alckmin, ante a derrocada das candidaturas dos senadores Aécio Neves e José Serra, envolvidos em maracutaias desvendadas pela Operação Lava-Jato e as delações premiadas do dono da JBS. Mas, de olho na disputa presidencial está o jovem prefeito de São Paulo, João Doria. Qualquer vacilo de Alckmin ele está de plantão para substituí-lo.
Uma candidatura tida como certa é a do deputado federal Jair Bolsonaro. Ele tem se destacado pela forma como se antepõe ao PT. É um combatente ferrenho dos movimentos gay e é contra o aborto. É também um intransigente defensor das ações da última Revolução Militar, que comandou o Brasil por um período de 20 anos. O nome de Bolsonaro tem sido bem avaliado pelas pesquisas eleitorais. E, sendo defensor das causas cristãs, tem grande chance de receber apoio da comunidade evangélica.