A Câmara Municipal de Dresden, capital da Saxônia, no leste da Alemanha, proclamou “estado de emergência nazista” na cidade, dois meses depois de a extrema direita ter alcançado o melhor resultado eleitoral de sua história no estado.
Em 1º de setembro, o partido ultranacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve 27,5% dos votos, um crescimento de 17,8 pontos em cinco anos, e se aproximou da conservadora União Democrata-Cristã (CDU), legenda da chanceler Angela Merkel e hegemônica na direita alemã.
A resolução que declara “Nazinotstand”, aprovada na Câmara Municipal com um placar de 39 a 29, afirma que “ações e posturas antidemocráticas, antipluralistas, contrárias à humanidade, de extrema direita e que chegam à violência surgem abertamente em Dresden de maneira cada vez mais forte”.
A medida tem caráter simbólico, mas compromete a cidade a “reforçar a cultura democrática e a proteger melhor minorias e vítimas da violência de extrema direita”. Dresden já foi palco, em 2014 e 2015, de grandes manifestações do movimento anti-Islã Pegida.
Além disso, a cidade registrou, apenas em 2018, 60 episódios de violência de extrema direita, um aumento de 15% em relação ao ano anterior, segundo a associação Raa Sachsen. Apesar de buscar se distanciar do neonazismo, o AfD é frequentemente associado a posições extremistas e antissemitas de seus membros.
A resolução, no entanto, não teve apoio unânime. A CDU votou contra por qualificar o texto como “meramente simbólico” e citou o uso do prefixo “nazi” como “um erro linguístico”.