A deputada Celina Leão (PDT), nova pupila dos senadores pedetistas Cristovam Buarque e Antônio Reguffe, vai presidir a Câmara Legislativa no biênio 2015-16. A vice-presidência fica com Liliane Roriz (PRTB). A composição da Mesa Diretora, que tem ainda outros três aliados do Palácio do Buriti, enterra uma velha tradição política, que dava aos partidos majoritários (no caso do Legislativo brasiliense, PT e PMDB) cargos de direção.
O resultado mostra a força política e de articulação do governador Rodrigo Rollemberg com os partidos que elegeram uma Câmara pulverizada. Fecham o grupo da Mesa Diretora os deputados Raimundo Ribeiro (PSDB), Júlio Cézar (PRB) e Bispo Renato (PR), respectivamente nas 1ª, 2ª, e 3ª secretarias.
A eleição foi tranquila. Quinze votos a favor e nove ausências. Tumultuadas foram as reuniões realizadas ao longo do dia para formar uma chapa de consenso. E como não houve entendimento, PT (com quatro deputados) e PMDB (com três) decidiram se abster da disputa. Aos sete se juntaram Cristiano Araújo (PTB) e Dr. Michel (PP).
Salvo carinhos de última hora, com acenos de cargos da parte do Palácio do Buriti, o governador Rollemberg corre o risco de enfrentar uma ferrenha oposição ao longo do seu mandato. E, pior, o já chamado ‘G-9’ promete revelar oportunamente os bastidores da eleição.
A condução de Celina Leão para a presidência começou a ser definida na sexta-feira 26. Nessa dia, em reunião com o PDT, Rollemberg pediu um nome para o cargo. E foi apresentado o de Celina. No sábado 27, o governador bateu na porta de Wasny de Roure (PT), então presidente da Câmara. A conversa girou em torno de uma composição de consenso.
Wasny, porém, foi categórico. O PT havia fechado questão para eleger um seu correligionário (no caso, Chico Leite) ou um antigo aliado – o nome seria o de Robério Negreiros, do PMDB. Rollemberg ouviu calado, lavou as mãos e despediu-se desejando sucesso a mais um mandato de Wasny.
No dia seguinte, o domingo 28, foi a vez da própria Celina procurar por Wasny. Contudo, a conversa, a exemplo do dia anterior, não avançou. A estagnação do encontro Wasny-Rollemberg ficou patente. E a sucessão começou a caminhar para o confronto entre os grupos dos governistas, do em cima do muro e o de oposição.
Para tentar honrar o compromisso de eleger a candidata do PDT, Rollemberg, que até então contava com 10 nomes de apoiadores, precisava de mais três votos. Foi então que surgiu um personagem anônimo para ajudar nas articulações.
O resultado é que quem estava em cima do muro fez a opção de emprestar um crédito de confiança ao novo governo. Com isso, o PRTB de Luiz Estevão garantiu os votos de Liliane Roriz e Juarezão; o PEN de Alírio Neto liberou a deputada Luzia de Paula; e o resto veio por gravidade.
Houve quem associasse a disputa a uma reunião de cardeais do Vaticano para eleger um papa. A diferença é que a fumaça que saiu da chaminé não tinha o suave odor de hóstias, mas de garoupas assadas na brasa.