Amilton Pinheiro
“Quem prende a gente em um estilo é quem nos rotula”, diz o cantor e compositor Diogo Nogueira ao ser indagado sobre qual tipo de música ele interpreta. “Por que não posso cantar outros gêneros? Só porque sou filho e neto de sambista? Sou um intérprete da música popular brasileira”, define-se, com voz segura e convicta, em entrevista por telefone, de sua casa no Rio de Janeiro.
Diogo Nogueira diz que nunca quis se desvencilhar da herança familiar. O pai foi o grande sambista João Nogueira (1941-2000), e seu avô, João Batista Nogueira, que era violonista, chegou a tocar para Noel Rosa. “Tenho orgulho do que herdei musicalmente deles, mas fiz minha carreira cantando outros gêneros, além do samba, que não deixarei de cantar”, explica.
Prova disso, segundo ele, é o seu último trabalho, o DVD Alma Brasileira, em que canta músicas de Milton Nascimento (Travessia), Toninho Horta (Beijo Partido), Cazuza (Condinome Beija-Flor), Tim Maia (O Descobridor de Sete Mares) e se arrisca em uma das interpretações mais difíceis do cancioneiro popular brasileiro, Sangrando, de Gonzaguinha.
“É o ponto alto deste trabalho, Alma Brasileira. Antes mesmo de terminar Sangrando, nos shows, as pessoas se levantam para aplaudir. Isso vem acontecendo em todo lugar, graças a Deus”, diz o cantor rindo.
Diferente de outros artistas que começam a carreira gravando um disco de estúdio, Diogo Nogueira se iniciou artisticamente com um CD e DVD, ao vivo, em 2007, resultado de um show realizado em duas noites no Teatro João Caetano, no Rio. “Foi ideia da gravadora EMI (atual Universal), que já me contratou para fazer este trabalho”, diz.
Sobre os bastidores da gravação daquele primeiro trabalho, o cantor revela gargalhando que, no primeiro dia, estava muito nervoso. “Melhor dizendo, estava borrado, mas no outro dia, me senti mais seguro, bem mais à vontade.”
Ao longo destes dez anos, Diogo Nogueira vem consolidando a carreira de cantor, mesclando com outros trabalhos, como o de apresentador de um programa musical, Samba na Gamboa, desde 2008, na TV Brasil e TV Cultura. “É um grande presente apresentá-lo. Não têm programas de música na TV brasileira, por isso, ele vem durando tanto tempo. As pessoas gostam da maneira como fazemos o programa, um bate papo com artistas consagrados e outros que estão começando a carreira”, entende.
Em 2015, o artista se aventurou no musical SamBRA, atuando e cantando grandes sambas para comemorar os 100 anos do gênero. Questionado se o espetáculo tinha sido moldado para se adequar às suas limitações de ator, Diogo cai na gargalhada, sem se deixar convencer. “Foi uma experiência maravilhosa. Realmente não sou ator, sou um intérprete da música, mas acho que consegui mostrar um pouco desse lado que não achei que pudesse fazer.”
Mas quem quiser vê-lo no seu melhor papel, Diogo Nogueira, que cantou na sexta, 24, em São Paulo, está saindo por aí com, a turnê Alma Brasileira, com o repertório que mostra sua verve de cantor de MPB.