Mariana Alves, Edição
Todos os anos, o think tank “Global Footprint Network” calcula em quanto a demanda humana por recursos naturais supera o que a Terra é capaz de suprir, de maneira sustentável, em 365 dias. A partir do cálculo, o grupo consegue indicar em qual dia e mês passamos a operar em “déficit ecológico”, ou seja, quando passamos a consumir recursos que não serão regenerados até o fim do ano. Pois os números de 2017 foram revelados: desde o dia 2 de agosto, o mundo opera em déficit ecológico. Pior: para dar conta da demanda por recursos naturais até o fim de 2017, teríamos que ter 1,7 Terras
Parece muito, mas em países desenvolvidos, a demanda por recursos naturais é ainda maior e cria verdadeiras aberrações quando extrapolada para o resto do planeta. Se todas as nações vivessem como os Estados Unidos, por exemplo, precisaríamos de cinco Terras para dar conta da demanda por recursos naturais. Já se vivêssemos como a Índia, um país em desenvolvimento, precisaríamos de apenas 0,6% da Terra. O Brasil, segundo os dados mais recentes, de 2013, precisaria de 1, 77% da Terra para dar conta de sua demanda. O “Global Footprint Network” permite que você calcule esse índice individualmente, ou seja, quantas Terras seriam necessárias se todos vivessem com os seus hábitos.
Duas décadas atrás, o mundo entrava em déficit ecológico só em outubro, ou seja, quase dois meses depois da data registrada em 2017. Mas nem tudo está perdido. Se conseguirmos ganhar 4,5 dias de existência sustentável por ano, voltaremos a operar dentro dos limites de regeneração sustentável anual em 2050. Uma administração mais eficiente de gases refrigeradores, por exemplo, nos daria até 9,5 dias a mais sem déficit até 2050. Já se adotássemos, globalmente e de forma massiva, as turbinas eólicas como forma de produção de energia, ganharíamos até 7,5 dias. Mais: se as dietas de todos dependessem menos da ingestão de carnes, ganharíamos até mais 7 dias.