Pedro Paulo Ramos
Cinco alunas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília conquistaram o segundo lugar em concurso mundial de arquitetura da paisagem, realizado durante um workshop do 53o Congresso da Federação Internacional dos Arquitetos Paisagistas (IFLA). O evento, que reuniu nomes importantes do paisagismo de todo o mundo, foi realizado em Turim, na Itália, em abril. Para o concurso, o grupo desenvolveu um projeto urbano-paisagístico para Barca Bertolla, um bairro localizado na cidade sede do encontro.
A equipe foi formada pelas estudantes Gabriela Moura, Mariana Fernanda de Souza, Caroline Fernandes, Anna Clara Lopes e Elisa Zaidan. A competição, entre 16 e 19 de abril, era voltada para estudantes de graduação e pós-graduação na área e antecedeu o Congresso. Na ocasião, as alunas participaram de oficinas e receberam orientação e assistência técnica e científica de tutores da Itália e de outros países para a elaboração do projeto. O grupo foi o único das Américas selecionado para participar da fase final do concurso e concorreu com outras nove equipes da Europa e da Ásia.
“Saí muito satisfeita com o resultado, principalmente por ver que estamos estudando e sendo encaminhadas para o caminho certo”, avalia Anna Clara Lopes, uma das cinco integrantes do time.
Além de terem que desenvolver um projeto em curto prazo, elas tiveram de superar outros desafios, como o fato de nunca haverem trabalhado juntas e a falta de confiança em ganhar o concurso. Um orgulho para o grupo foi ser composto somente por mulheres – e foi também um dos principais incentivos das meninas, que afirmaram estar dispostas a quebrar o estereótipo tão marcado da mulher brasileira no exterior.
Para ajudar com os custos da viagem e inscrição no concurso, as alunas receberam auxílio do Decanato de Graduação, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de uma empresa de urbanização do Distrito Federal.
Pelos critérios do concurso, os trabalhos deveriam propor melhorias no valor ecológico da área, melhorar a mobilidade e a conexão com a paisagem, valorizar a identidade da região e a integração entre seus habitantes e indicar iniciativas que incentivem a agricultura urbana.
PROJETO – Acompanhadas por seus tutores, as estudantes fizeram uma visita ao bairro de Barca Bertolla. Segundo Caroline Fernandes, um dos maiores diferenciais do grupo foi levar em consideração as preferências dos seus residentes por meio do diálogo com os moradores locais. “Fizemos entrevistas e perguntamos o que achavam da área, o que poderia mudar e o que mais gostavam. A partir disso, fizemos uma proposta de intervenção”, afirma.
“Fizemos uma proposta real para um problema real”, acrescenta a colega de equipe, Mariana Fernanda de Souza. Entre as sugestões apresentadas, estavam a construção de ciclovias internas ao bairro e de uma externa, que ligaria a região ao centro de Turim, além da implantação de espaços de convivência e lazer para crianças e adultos, em locais estratégicos, com objetivo de aumentar a integração entre os habitantes desses lugares.
ORGULHO – O trabalho foi congratulado com o segundo lugar, atrás apenas de uma equipe italiana. O grupo recebeu mil euros e certificado de participação. A atuação brasileira foi uma grande satisfação para a professora orientadora do grupo, Camila Sant’Anna. Docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, foi ela quem convidou as estudantes a participar, além de acompanhar o grupo na Itália. Sant’Anna valoriza o resultado e a experiência obtida no Congresso.
“Este contato entre alunos, profissionais e professores possibilita diálogos de pesquisas futuras, no âmbito acadêmico ou não. Isso tudo tem um grande significado, pois reconhece o empenho da nossa faculdade com um ensino de Arquitetura e Urbanismo de excelência”.