A Embaixada do Brasil em Pequim informou na madrugada desta sexta (madrugada de sábado na China) que um advogado foi contratado pelo Itamaraty para defender a modelo brasileira Amanda Griza, 19, que foi detida há nove dias em operação da polícia chinesa contra trabalhadores ilegais no país. A libertação da modelo está sendo tratada pelos canais diplomáticos, mas ainda não há um prazo para que aconteça. As informações são do Uol.
Amanda narrou para os pais ao vivo o momento de sua prisão, entre 7h30 e 10h30 do dia 8, último contato que teve com a família. Ela usou um aplicativo de celular chamado wechat para a comunicação. Alternando momentos de tranquilidade com apreensão, ela contou que seu passaporte foi apreendido e que alegaram que ela “não estava legal no país”. Desde então está incomunicável.
Os pais, Edson e Elena Griza, pediram socorro ao Itamaraty na segunda-feira (12). Na manhã desta sexta, o pai se queixou: “Desde o início do rolo, não recebi nenhum telefonema sequer do Itamaraty ou do governo brasileiro. Estou sem contato com minha filha, presa no exterior, era obrigação deles fazer alguma coisa por ela”.
O Itamaraty informou que entrou em contato com o governo chinês para garantir o retorno ao Brasil da modelo, mas não deu detalhes de como isso foi feito.
Uma funcionária consular em Pequim, identificada como Carmelita, teria levado para Amanda uma carta escrita pela mãe (e repassada ao consulado por e-mail). A funcionária informou aos pais que a modelo está sendo bem tratada pelas autoridades chinesas.
Edson Griza engajou na defesa da filha o deputado federal Vieira da Cunha (PDT-RS), ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal e amigo da família. O deputado é que conseguiu a visita de Carmelita a Amanda. Ele também fez contato com o diplomata chinês Jia Yao, que serviu no Brasil, pedindo que ele intercedesse junto à polícia chinesa em favor dela.
Vieira da Cunha disse na manhã desta sexta que “a prisão de Amanda é injustificada. Ela obteve um visto de trabalho no Consulado da China em São Paulo antes da viagem, seguindo instruções de seu agente e contato na China. Não poderia ter sido presa. Isto foi uma irresponsabilidade da agência de modelos”.
No seu perfil do Facebook, Amanda escreve que é agenciada pela empresa M2, com filiais em Nova York, Miami e Tel Aviv. O pai disse que nesta viagem, que deveria durar quatro meses, ela teria sido agenciada por um booker (profissional que contrata modelos para desfiles) independente, cujo nome ele quis preservar.
Amanda é gaúcha e morava em Santa Catarina havia sete anos, com os pais e um irmão pequeno. Ela virou modelo aos 11 anos e seu primeiro trabalho foi para uma concessionária da General Motors, em Osório (100 km de Porto Alegre).
Em 2009, aos 14, já em Balneário Camboriú, ela retomou a carreira. Fez parte das agências Ford Models e M!, tendo trabalhado também no México.
Este ano, passou no vestibular para o curso de Publicidade da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), mas trancou os estudos para viajar à China.
O currículo de Amanda, segundo Edson, “é suficiente para mostrar que minha filha é uma profissional”. “Antes de sair ela disse que iria ganhar bem e fazia planos de nos ajudar”, disse ele.
Por telefone, o pai contou que “a menina saiu de casa para batalhar” e que agora ele está preocupado “com o lado psicológico” dela. “Não sei o que ela está passando, isto nos deixa muito estressados aqui”.
“Eu queria que ela ficasse em casa, disse pra ela que a gente poderia abrir outro salão, um negócio estável, mas ela quis arriscar fazer seu próprio caminho”, disse. Os pais são donos de um salão de beleza dentro do Hipermercado Big de Balneário Camboriú , 80 km de Florianópolis.